Ex-presidente na cadeia

Pela segunda vez em menos de um ano, um ex-presidente do Brasil foi preso acusado de cometer crime comum. Após o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva ter ido parar na cadeia por causa do caso do tríplex no Guarujá, em abril de 2018, ontem, foi a vez de Michel Temer ser preso sob acusação de chefiar uma organização criminosa que movimentou R$ 1,8 bilhão em propinas em 40 anos, como apontou o Ministério Público Federal (MPF), após as prisões de Temer e do ex-ministro e ex-governador do Rio Wellington Moreira Franco.

As prisões de Temer e Moreira Franco foram determinadas pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, no âmbito da Operação Lava Jato. Eles são suspeitos de fazer parte de um grupo que receberia propina de obras ligadas à Usina Nuclear Angra 3, na Costa Verde. O pagamento de propina era feito na contratação das empresas Argeplan, AF Consult Ltd e Engevix, para a execução do contrato de projeto de engenharia eletromecânico.

A Eletronuclear contratou a AF Consult Ltda, que se associou à AF Consult do Brasil (que tem a participação da Argeplan) e à Engevix. A Argeplan seria ligada a Temer e ao operador do esquema, coronel João Baptista de Lima Filho.

Segundo a procuradora Fabiana Schneider, a organização começou nos anos 80, quando Temer era secretário de Segurança de São Paulo e coronel Lima era seu auxiliar imediato. "Lima passou a atuar na Argeplan, com vários contratos públicos. Houve crescimento de contratações da Argeplan quando Temer ocupou cargos públicos. Uma planilha identifica pagamentos e promessas ao longo de 20 anos para MT, ou seja, Michel Temer", disse.

Temer foi preso em São Paulo e Moreira Franco no Rio. O apartamento do ex-governador, em São Conrado, passou por buscas por cerca de três horas. O ex-presidente ficará preso na Superintendência da Polícia Federal no Rio. Moreira Franco e o coronel Lima ficarão na Unidade Prisional da PM, em Niterói.