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Flavio Bolsonaro posta vídeo de corpo de Adriano da Nóbrega e cobra nova perícia

'Foram sete costelas quebradas, coronhada na cabeça, queimadura com ferro quente no peito, dois tiros a queima-roupa ,um na garganta de baixo para cima e outro no tórax, que perfurou coração e pulmões', descreveu o senador

Flávio Bolsonaro
Flávio Bolsonaro -
Rio - O senador do Rio Flavio Bolsonaro publicou, na sua conta do Twitter, um vídeo na tarde desta terça-feira do corpo do miliciano Adriano da Nóbrega, morto em uma ação policial na Bahia, em 9 de fevereiro, no município de Esplanada. "Foram sete costelas quebradas, coronhada na cabeça, queimadura com ferro quente no peito, dois tiros a queima-roupa (um na garganta de baixo p/cima e outro no tórax, que perfurou coração e pulmões", descreveu o senador. Flavio questiona a perícia realizada pela Polícia do governo baiano.
O presidente Jair Bolsonaro também usou sua conta no Twitter na manhã desta terça-feira para levantar indagações a respeito do caso Adriano da Nóbrega. Bolsonaro perguntou se seria possível forjar mensagens durante a perícia de celular de Adriano para incriminar inocentes. "Quem fará a perícia nos telefones do Adriano? Poderiam forjar trocas de mensagens e áudios recebidos? Inocentes seriam acusados do crime?", publicou.
Flavio Bolsonaro questiona perícia realizada pela Polícia da Bahia - Reprodução
O presidente também criticou a decisão da Justiça do Rio, que liberou o corpo e determinou que não seria necessário realizar nova perícia. "A quem interessa não haver uma perícia independente? Sua possível execução foi "queima de arquivo"? "Sem uma perícia isenta os verdadeiros criminosos continuam livres até para acusar inocentes do caso Marielle", escreveu.
O Tribunal de Justiça do Rio determinou, na segunda-feira, que não é mais necessário conservar o corpo e nem realizar nova necrópsia do miliciano Adriano da Nóbrega, morto no último dia 9, durante uma ação policial em Esplanada, na Bahia. A decisão é do juiz titular do 4º Tribunal do Júri do Rio, Gustavo Gomes Kalil, no processo da Operação Intocáveis.

Na sentença, o magistrado destacou que a decisão se refere ao juízo do Rio e acrescentou que a competência para determinar possíveis novos exames é da comarca de Esplanada, onde o ex-capitão do Batalhão de Operação Especiais (Bope) foi morto.
A defesa de Adriano da Nóbrega pediu autorização à Justiça para realizar uma perícia independente no corpo do ex-PM do Bope, com o objetivo de esclarecer as circunstâncias de sua morte, ocorrida , na Bahia.

Em entrevista nesta terça-feira, o advogado Paulo Emílio Catta Preta confirmou que a família suspeita da primeira versão dada pela Polícia Militar da Bahia, de que ele foi morto ao reagir e trocar tiros durante uma operação policial para prendê-lo.

Questionado se a defesa trabalha com a hipótese de execução, o advogado afirmou que "tem ganhado robustez essa suspeita". "Há marcas no corpo que, em princípio, podem trabalhar contra essa versão de uma troca de tiros, há notícia de quebra de costelas, sete costelas que teriam sido quebradas, isso tem que ser esclarecido", acrescentou.

O advogado afirmou também que não deseja fazer nenhuma "perícia clandestina", mas que é o desejo da família que haja um exame independente no corpo, feito com a presença de oficiais do Estado, cujo laudo permita confirmar ou não uma perícia oficial.

Catta Preta ainda voltou a relatar uma ligação que recebeu do próprio Adriano da Nóbrega em 4 de fevereiro, poucos dias antes de morrer, na qual o ex-PM relatou seu medo de ser assassinado pela polícia.
"Ele estava muito convicto realmente de que seria morto", disse o advogado, acrescentando que assumiu o caso quando seu cliente já estava foragido e que essa teria sido a única vez em que se falaram diretamente.

O advogado disse confiar nas autoridades estaduais e que por isso não considera, no momento, pedir a federalização das investigações em torno da morte do ex-PM.
"Eu volto a dizer que o meu desejo é que isso seja resolvido nas instâncias ordinárias, comuns, estaduais. Eu acredito nas autoridades judiciárias", afirmou.

O defensor acrescentou ainda considerar comentários feitos por políticos a respeito do caso como "contraproducentes"” para a defesa. Sobre a perícia independente em telefones de Adriano da Nóbrega, o advogado afirmou ser cedo para seguir essa linha.
CORPO NO RIO

Também nesta terça-feira, o presidente Jair Bolsonaro comentou o caso, e também disse ser necessária uma perícia independente no corpo de Adriano, que se encontra no Rio. Na semana passada, a Justiça fluminense proibiu que o corpo fosse cremado.

Logo em seguida à decisão proibindo a cremação, o pedido da defesa da família para realizar sua própria perícia no corpo foi encaminhado à Justiça do Rio. Mas, no momento, é preciso aguardar uma definição sobre se quem deve decidir o assunto é a Justiça da Bahia, informou Catta Preta.

Ex-capitão do Bope, Adriano da Nóbrega era investigado por diversos crimes, sob a suspeita de envolvimento com milícias e assassinatos por encomenda. Ele era procurado pela Polícia Civil do Rio. Ele também era procurado por suspeitas de envolvimento nas mortes da vereadora Marielle Franco (Psol) e do motorista Anderson Gomes, em março de 2018.
Flávio Bolsonaro Roque de Sá/Agência Senado
Flavio Bolsonaro questiona perícia realizada pela Polícia da Bahia Reprodução