Há 15 dias, a profissional de enfermagem X. precisou se separar da filha pequena. Funcionária do Hospital Municipal Albert Schweitzer, ela deixou a criança na casa da avó. Nem ela e nem o marido, profissional de Saúde, sabem quando vão reencontrar. X é uma das que estão na linha de frente de combate à pandemia. "Não tive escolha. Jamais me perdoaria se eu contaminasse minha filha", diz, aos prantos.
A enfermeira se espanta com a rapidez da doença."Em cada turno, chegam, em média, 20 pacientes suspeitos. E pelo menos 30% deles evoluem para o estado grave", conta.
Esses profissionais passam por dramas pessoais para salvar vidas, como o medo de contrair a doença. Vários acabam contraindo a Covid-19. Caso do enfermeiro Y., funcionário de um hospital municipal no Rio. Após cinco dias internado, ele teve alta ontem e deve voltar ao trabalho em duas semanas. "A partir do momento que fiz o juramento, estou no combate para enfrentar seja o que for", afirma.
Morador da Baixada Fluminense, Y. pega pelo menos duas conduções até seu trabalho, em um hospital na capital. "Como na unidade não tinham casos suspeitos, acredito ter sido infectado no trajeto. Uma semana depois dos primeiros sintomas, senti uma falta de ar inexplicável. Pensei que iria morrer. Mas não vou desistir do meu trabalho, amo o que faço", afirma.