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MPF diz que três grupos disputavam poder no governo Witzel via pagamento de propina

De acordo com denúncia do órgão, governador usava escritório de advocacia da esposa para receber vantagens indevidas de empresários que fechavam contratos com Secretaria de Saúde

Wilson Witzel durante pronunciamento nesta sexta-feira
Wilson Witzel durante pronunciamento nesta sexta-feira -
Rio - O Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinou, nesta sexta-feira, o afastamento imediato por 180  dias, do governador Wilson Witzel (PSC) do cargo por irregularidades na saúde. De acordo com a denúncia do Ministério Público Federal (MPF), existiam três grupos com grande influência no governo do estado.

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Wilson Witzel durante pronunciamento nesta sexta-feira Cléber Mendes / Agência O Dia
Wilson Witzel durante pronunciamento nesta sexta-feira Cléber Mendes / Agência O Dia
Wilson Witzel durante pronunciamento nesta sexta-feira Cléber Mendes / Agência O Dia
Witzel fez um pronunciamento para se defender das acusações Cléber Mendes / Agência O DIA
Policiais estiveram no Palácio Laranjeiras para cumprir mandados de busca e apreensão Cléber Mendes / Agência O DIA
Witzel fez um pronunciamento para se defender das acusações Cléber Mendes / Agência O DIA
Witzel fez um pronunciamento para se defender das acusações Cléber Mendes / Agência O DIA
Witzel se defendeu em pronunciamento Lucas Cardoso/ Agência O DIA
Witzel se defendeu em pronunciamento Lucas Cardoso/ Agência O DIA
Witzel se defendeu em pronunciamento Lucas Cardoso/ Agência O DIA
Governador afastado Wilson Witzel se defende em pronunciamento Lucas Cardoso/ Agência O DIA
Wilson Witzel ficará pelo menos seis meses afastado do cargo Daniel Castelo Branco / Agência O DIA
Estado do Rio de Janeiro - Governo Estadual - Governador Wilson Witzel no Palácio Laranjeiras. Foto: Daniel Castelo Branco / Agência O Dia Daniel Castelo Branco
Governador Wilson Witzel Daniel Castelo Branco / Agência O Dia
Além de Witzel, foram denunciados pelo MPF a primeira-dama, Helena Witzel, e outras sete pessoas por corrupção (ativa e passiva) e lavagem de dinheiro. A denúncia apresentada ao ministro Benedito Gonçalves, do STJ, aponta que o governador utilizou-se do cargo para estruturar uma organização criminosa que movimentou R$ 554.236,50 em propinas pagas por empresários da saúde ao escritório de advocacia de sua esposa.
O casal foi denunciado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro na forma de crime continuado, reiterado por 25 vezes. Na petição, o MPF pede a condenação dos acusados, a decretação da perda do cargo público de Wilson Witzel e o pagamento de indenização mínima de R$ 1.108.473,00 aos cofres públicos.
De acordo com o órgão federal, na denúncia, assinada pela subprocuradora-geral da República Lindôra Maria Araújo, o MPF apresenta provas de que o governador liderou, entre março e maio deste ano, três grupos empresariais - que representam quatro empresas - que disputavam o poder no governo do estado mediante o pagamento de vantagens indevidas a agentes públicos.
Segundo o MPF, esses grupos lotearam algumas das principais pastas estaduais – a exemplo da Secretaria de Saúde – para implementar esquemas que beneficiassem suas empresas. Em troca do apoio do governador, os empresários firmavam contratos fictícios com o escritório de advocacia de Helena Witzel, o que permitia a transferência indireta de valores pagos por Mário Peixoto e Gothardo Lopes Netto a Wilson Witzel.
Eduardo El Hage - Estefan Radovicz / Agência O Dia


O acervo probatório engloba comprovantes de pagamentos, quebra de sigilos fiscal, bancário e telemático, além de relatos de colaboradores, entre outros fatos. De acordo com o MPF, o conteúdo exposto ao STJ revela sofisticada organização criminosa instalada no Rio repetindo esquema criminoso praticado pelos últimos dois ex-governadores cariocas (Sérgio Cabral e Luiz Fernando Pezão).
Foram denunciados, neste primeiro momento, o governador afastado Wilson Witzel, sua esposa, Helena Witzel, Lucas Tristão, Mário Peixoto, Alessandro Duarte, Cassiano Luiz, Juan Elias Neves de Paula, João Marcos Borges Mattos e Gothardo Lopes Netto. A denúncia inclui parte dos fatos já apurados, que deram origem à primeira fase da Operação Placebo, deflagrada em 26 de maio deste ano.

Na peça enviada ao Superior Tribunal de Justiça, o MPF demonstra que o empresário Gothardo Lopes Netto pagou cerca de R$ 280 mil ao escritório de Helena Witzel para que fosse direcionada a escolha da Organização Social Associação de Proteção à Maternidade e Infância de Mutuípe para a gestão do Hospital Zilda Arns. O pagamento foi feito mediante contrato simulado entre o escritório e o Hospital Jardim Amália, e comprovado por documentos e relatos de testemunhas.

Já no caso de Mário Peixoto, interceptações autorizadas judicialmente indicam que o empresário pagou vantagens indevidas ao governador a fim de que Wilson Witzel revogasse a desqualificação da organização social Instituto Unir Saúde – que pertence ao empresário – e o impedia de participar de contratações com o estado.
Segundo o MPF, a manobra foi intermediada por Lucas Tristão e permitiu que a empresa voltasse a prestar serviços públicos, conforme ocorrido entre 2018 e 2019, quando a organização social administrava mais de R$ 180 milhões em contratos de Unidades de Pronto Atendimento (UPA) no Rio de Janeiro. Entre os planos do grupo estava a compra de uma rádio para exponenciar o potencial político da organização.