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Triste rotina! Sequestro de ônibus para barricadas de bandidos é comum no Rio

Na Zona Oeste, o caso aconteceu por dois dias seguidos; concessionárias pedem mais policiamento

Bandidos atravessam ônibus e caminhão para fechar rua da Vila Aliança
Bandidos atravessam ônibus e caminhão para fechar rua da Vila Aliança -
Rio - A prática que virou "costume" dos bandidos que dominam favelas no Rio de Janeiro é o sequestro a ônibus. O método é utilizado para atrapalhar a Polícia Militar de entrar em comunidades para fazer patrulhamentos ou operações. O veículo serve como uma espécie de barricada e fica no meio de ruas importantes, impedindo a passagem das viaturas da PM. Esse tipo de cena é recorrente no estado.
Nesta segunda-feira, por exemplo, criminosos aterrorizaram moradores das comunidades do Rebú, Coréia e Vila Aliança, em Senador Camará, na Zona Oeste, com o fechamento de ruas com barricadas, exploração de serviços básicos e até mesmo com a prática de crimes ambientais.
A cena se repetiu no início desta manhã. Bandidos sequestraram um ônibus para fechar uma rua de acesso da Vila Aliança e tentar impedir o trabalho da Polícia Militar. Sendo assim, o segundo dia seguido que criminosos utilizam veículos para bloquear vias na comunidade. 
Procurada pela reportagem, o Rio Ônibus confirmou o aumento de sequestro dos veículos. 
"Com a chegada de 2021, disparou o registro de sequestros a ônibus para uso de criminosos como barreiras para impedir acesso da polícia a comunidades da Zona Oeste. Ainda estamos na primeira metade de fevereiro, mas o Rio Ônibus já registra dez episódios como a ação na manhã desta terça-feira, na Vila Aliança, em Bangu. Em todo o ano de 2020 foram 30 notificações desta prática criminosa", disse, em nota. 
Já o porta-voz do consórcio, Paulo Valente, lamenta os fatos ocorridos recentemente. "Mais um dia seguido em que ônibus são sequestrados por bandidos na cidade. O Rio Ônibus lamenta e repudia o avanço da violência urbana. Este cenário, além de colocar em risco a população usuária e os rodoviários, prejudica diretamente a situação de esgotamento financeiro vivido pelos consórcios, que depois do agravamento econômico gerado pela crise instaurada pelos impactos da covid-19, transporta 50% menos passageiros do que até março de 2020", diz Paulo Valente, porta-voz do Rio Ônibus.
A reportagem também entrou em contato com a SuperVia, que sofre com a violência dos trens urbanos na cidade. 
A empresa informou que registrou dois casos de trens abordados por homens armados. Um em 2019 e o outro em 2020. O primeiro deles ocorreu em 16/09/2019 quando, por volta das 6h30, o maquinista de um trem com passageiros que fazia a viagem de Gramacho (ramal Saracuruna) para a Central do Brasil, foi abordado na estação Manguinhos por seis homens (alguns armados).
Eles entraram na cabine e ali viajaram até a região da Mangueira, onde ordenaram ao maquinista que parasse o trem no meio do trecho, antes da chegada à estação Maracanã. Os homens desembarcaram na linha férrea e o maquinista continuou a viagem.
Já no dia 19/10/2020, por volta das 7h, durante vistoria da rede aérea na região da estação Jacarezinho, um grupo com mais de 10 bandidos armados acessou a linha férrea e abordou dois maquinistas que estavam no trem de manutenção, perto da estação Triagem.
Os maquinistas foram obrigados a levar o grupo de criminosos até a região da Mangueira, onde esses bandidos desembarcaram na linha férrea e saíram do sistema ferroviário. Os maquinistas seguiram para a Central do Brasil e foram assistidos psicologicamente.
A concessionária finalizou dizendo que "lamenta que a falta de segurança observada em todo o estado atinja também o sistema ferroviário e coloque em risco seus funcionários e milhares de passageiros que dependem do trem em seus deslocamentos diários."