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PMs questionam desativação de cabines em vias expressas

Em julho de 2020, os PMs lotados no batalhão se queixavam de que só dispunham de coletes à prova de bala nos tamanhos G e GG

Cabines da PM ficam desativas em vias expressas do Rio. Na foto acima, a Base da PM na Linha Amarela na altura de Pilares
Cabines da PM ficam desativas em vias expressas do Rio. Na foto acima, a Base da PM na Linha Amarela na altura de Pilares -
Rio - Policiais militares ressaltaram em reservado ao DIA o fato de o cabo Haron Coelho Ferreira, de 29 anos, estar ao lado de uma viatura blindada desativada no momento em que sofreu um ataque a tiros quando estava a serviço do Batalhão de Policiamento em Vias Especiais (BPVE) na Linha Vermelha na madrugada desta quinta-feira. A equipe do DIA registrou cabines desativadas no local em que Haron foi morto, na Linha Vermelha, em Pilares e Bonsucesso, na Linha Amarela. Adquiridas em 2007, as unidades custaram em média R$ 96 mil cada. No mesmo cenário do crime da madrugada, as cabines abandonadas estavam com militares em viaturas próximas.
Ao advogado Fabio Tobias, especialista em Direito Militar, o cabo já havia pedido auxílio jurídico para melhorar as condições de trabalho. Para Tobias, o BPVE deveria oferecer mais  segurança aos militares. Em julho de 2020, os PMs lotados no batalhão se queixavam, por exemplo, que só dispunham de coletes à prova de bala nos tamanhos G e GG, o que impossibilitava o uso de profissionais que não vestiam essas medidas. Procurada para saber se o problema havia sido resolvido, a PM não retornou à reportagem até a publicação deste texto.
Outro risco enfrentado pelos policiais deste batalhão é o de atropelamento. Em fevereiro deste ano o sargento Othon Wagner Solomon Silva Belarmino, de 43 anos, foi atropelado enquanto trabalhava no acesso à Avenida Brasil da via expressa Transolímpica, em Magalhães Bastos, na Zona Oeste do Rio. O motorista fugiu sem prestar socorro.
Para Tobias, os superiores hierárquicos dos policiais não atentam para determinações previstas no artigo 3.° do Regulamento Disciplinar da Pmerj. "Primeiro é preciso dar mais condições e segurança para que os policiais possam trabalhar com mais dignidade nos Pontos Bases (onde os militares realizam patrulhamento nas vias). Segundo, é necessário que o respeitável comandante do BPVE, bem como os demais oficiais atentem para os problemas dos policiais militares que trabalham nas vias expressas e que aumentem o poderio de fogo e o número de componentes nas guarnições baseadas nas vias expressas", apontou.
A família de Haron esteve no Instituto Médico Legal (IML) no fim da manhã, mas não quis falar com a imprensa. Segundo o laudo preliminar, Haron foi atingido por mais de dez tiros. Os disparos atingiram o abdômen, uma das pernas e o braço direito do cabo. Ainda segundo o instituto, a morte do PM foi em decorrência de uma hemorragia. Um soldado que estava com ele também foi baleado, mas sobreviveu ao ataque.
Os dois policiais foram socorridos para o Hospital Central da Polícia Militar, no Rio Comprido, mas o cabo da PM não resistiu. PM realizou buscas pela região, mas não encontrou os responsáveis pelos disparos. Uma pistola e carregadores de fuzil foram encontrados a poucos metros do local do tiroteio. O armamento apreendido foi levado para ser periciado.
A Delegacia de Homicídios da Capital vai investigar o caso. A Polícia Civil vai analisar as imagens da CET-Rio para identificar o carro usado pelos bandidos.
Em nota, a PM lamentou a morte do policial e disse que o Cabo Haron tinha 29 anos e estava na Corporação desde 2011. Ele deixa esposa e uma filha.
O Portal dos Procurados divulgou, nesta quinta-feira (15), um cartaz com recompensa de R$ 5 mil para ajudar a Delegacia de Homicídios da Capital com informações que possam identificar e levar às prisões dos envolvidos na morte do cabo da Polícia Militar Haron Coelho Ferreira, de 29 anos.
POSSÍVEL MOTIVAÇÃO
A Polícia Civil vai apurar a informação, divulgada nas redes sociais, de que o ataque contra a viatura do BPVE ocorreu em retaliação a morte de um traficante Moises Pereira Marreiro de Araújo, conhecido como Moises da Rajada, apontado como uma das lideranças do tráfico de drogas no Morro da Providência.
O criminoso foi baleado na quarta-feira (14) durante um confronto com policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Providência. Segundo testemunhas, o tiroteio ocorreu na localidade conhecida como Portuários. Ele estava armado com uma pistola.