A família do músico Evaldo Rosa dos Santos, fuzilado com 80 tiros no domingo, teve o sofrimento agravado ontem devido à falta de gavetas disponíveis para enterrá-lo. O sepultamento foi adiado para hoje. Profundamente abalada, a viúva, Luciana dos Santos Nogueira, não sabe mais o que fazer para acalmar o filho, que chama o pai o tempo todo. "O Exército não nos procurou. Não sei como classificá-los. Destruíram minha família, o amor da minha vida, o meu melhor amigo. Meu Deus, meu Deus, meu filho tá mal. Meu filho só grita", conta desesperada.
A 1ª Auditoria da 1ª Circunscrição Judiciária Militar marcou para hoje, às 14h, a audiência de custódia dos dez militares do Exército presos e investigados pela morte. O carro em que Evaldo estava com a família, em Guadalupe, foi atingido por 80 tiros, que feriram mais duas pessoas. O veículo foi supostamente confundido com outro em que estariam criminosos.
O músico levava a família para um chá de bebê, quando o cruzou com militares. Segundo testemunhas, não havia ação policial e não houve ordem para que o motorista parasse.
Segundo o Ministério Público Militar (STM), "a perícia do local foi feita na segunda-feira pela Delegacia de Homicídios da Polícia Civil do Rio. Os militares envolvidos foram afastados e encaminhados à Delegacia de Polícia Judiciária Militar para tomada de depoimentos. Foi ouvida testemunha civil". Segundo o STM, "após as oitivas, foi determinada a lavratura da prisão em flagrante de 10 dos 12 militares envolvidos, por descumprimento de regras de engajamento".