Rio - O advogado João Tancredo, que assiste a família do catador de lixo Luciano Macedo, de 28 anos, vai pedir na Justiça que ele seja transferido do Hospital Estadual Carlos Chagas, em Marechal Hermes, para o Hospital Municipal Moacyr do Carmo, em Duque de Caxias. A vítima foi baleada no pulmão ao tentar ajudar uma família fuzilada por militares que faziam patrulhamento em Guadalupe, no dia 7 de abril. A ONG Rio de Paz ressaltou nesta terça-feira que o estado de saúde de Luciano é "bastante grave".
O catador de lixo foi atingido na rua quando o veículo conduzido pelo músico Evaldo dos Santos Rosa, de 51 anos, foi fuzilado por militares. Evaldo morreu na hora. O advogado João Tancredo informou que encaminhará uma tutela de urgência contra o estado do Rio de Janeiro pedindo a transferência do paciente porque a unidade de Duque de Caxias possui especialistas e estruturas adequadas para cirurgia pulmonar.
O presidente da ONG Rio de Paz, Antônio Carlos Costa, obteve informações atualizadas sobre o quadro clínico do catador de lixo junto ao médico plantonista no Hospital Carlos Chagas na tarde desta terça-feira. “Fui até o hospital com a mãe do Luciano, dona Aparecida, que gentilmente me convidou para ir com ela ao CTI. Passou 40 minutos chorando e afagando o filho, em cujo braço esquerdo há uma tatuagem com o nome da mãe”, conta Costa.
Paciente passará por traqueostomia
O médico plantonista explicou ao presidente do Rio de Paz que o paciente será submetido a uma traqueostomia entre hoje e amanhã e está febril, o que demanda o uso de antibiótico mais potente para combater uma possível infecção generalizada. A traqueostomia é uma intervenção cirúrgica que consiste na abertura de um orifício na traqueia e na colocação de uma cânula para a passagem de ar.
Inicialmente, o Exército alegou que o motorista e um comparsa passaram atirando contra os soldados e que se tratavam de criminosos. No mesmo dia, veio à tona que dentro do carro estava uma família que seguia para um chá de bebê. O sogro de Evaldo foi baleado nas costas e já recebeu alta. O filho de 7 anos, a mulher do músico e uma amiga estavam no veículo, mas não foram atingidos.
Família cobrará indenização
O advogado João Tancredo também entrará com uma ação indenizatória contra a União em razão dos mais diferentes tipos de danos sofridos pelo Luciano e sua família. Nesta ação, será solicitado atendimento psicológico, medicamentos, pensionamento, dano moral, dano estético e tratamentos médicos.
“As notícias falsas referentes à morte do Luciano causaram muito dano emocional à sua família, que não descansou até ser informada pelo hospital que ele se encontrava vivo”, conclui Antônio Carlos Costa, da ONG Rio de Paz.