Após 11 dias lutando pela vida no Hospital Carlos Chagas, em Marechal Hermes, na Zona Norte do Rio, o catador Luciano Macedo, de 28 anos, morreu na madrugada de ontem. Ele havia sido baleado na ação do Exército que matou o músico Evaldo Rosa, que teve o carro atingido por 80 tiros disparados pelos militares, no dia 7, em Guadalupe. Mãe do catador, Aparecida Macedo, reconheceu o corpo e saiu chorando muito, sem condições de falar com os jornalistas.
Luciano foi ferido ao tentar ajudar Evaldo e a família dele. O catador correu gritando para os militares pararem de atirar, mas acabou atingido por três tiros nas costas. Ele deixa a mulher, Daiana Horrara, que está grávida de cinco meses. A família está sendo assistida pela ONG Rio de Paz e pelo advogado João Tancredo.
A Justiça chegou a determinar por duas vezes a transferência dele para outro hospital, com mais recursos, mas não foi obedecida. Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde informou que "todos os esforços clínicos necessários foram realizados por profissionais multidisciplinares do Hospital Estadual Carlos Chagas com o objetivo de oferecer o melhor atendimento ao paciente Luciano Macedo. A SES esclarece que o paciente apresentava estado de saúde gravíssimo desde a entrada na unidade, o que impossibilitava sua transferência. Na tarde desta quinta-feira (ontem), Luciano passou por cirurgia torácica, mas infelizmente foi a óbito às 4h20 desta madrugada", diz a nota.