Tristeza e indignação marcaram ontem o sepultamento do catador de materiais recicláveis Luciano Macedo, de 28 anos, no Cemitério do Caju. Ele foi a segunda vítima fatal de uma ação do Exército em Guadalupe, no dia 7 de abril, quando soldados dispararam mais de 80 tiros contra o carro do músico Evaldo dos Santos Rosa, de 51 anos, que morreu no local.
Baleado três vezes nas costas, Luciano ficou 11 dias internado no Hospital Carlos Chagas, em Marechal Hermes, e morreu na madrugada de quinta-feira.
"Ele estava catando madeira para construir o barraco dele. Tinha acabado de ganhar um terreno. Eu disse que ali era perigoso. Ele respondeu: 'Coroa, ali tem Exército. Tá seguro'. Mas o Exército matou meu filho! O Exército matou meu filho!", indignou-se a mãe do catador, Aparecida Macedo. A viúva, Daiana Horrara, está grávida de cinco meses.
Familiares e companheiros de Candomblé de Luciano realizaram uma pequena cerimônia. O caixão foi coberto com uma camisa do Flamengo. O enterro foi possível graças a uma vaquinha virtual criada pela ONG Rio de Paz, que arrecadou mais de R$ 13 mil.