Mais Lidas

Sacrifício pelos alunos

Professor morto no Alemão recusou emprego no exterior para apoiar projeto social

Jean se preparava para torneios
Jean se preparava para torneios -

O professor de jiu-jítsu Jean Rodrigues Aldrovante, de 39 anos, que foi morto com um tiro na cabeça, na terça-feira, recusou este ano um convite para trabalhar em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes. O motivo: não queria deixar desamparados seus alunos do projeto social em que dava aulas de luta, no Complexo do Alemão.

Segundo o filho da vítima, o professor, que era conhecido como 'Jean Samurai', usava o salário para pagar a inscrição dos alunos em competições.

"Meu pai sempre ajudou todo mundo. Se algum aluno se machucasse, ele levava no hospital, avisava aos pais. Ele tinha recebido uma proposta para ir para Abu Dhabi, trabalhar com jiu-jítsu, mas recusou para não abandonar a gente", contou Juan Rodrigo Aldrovande, de 17 anos.

O filho lembra que o pai trabalhava na academia Maneco Team havia quatro anos e que o projeto ajudava na ressocialização de crianças e adultos que tinham se envolvido com o crime. Foi na porta do projeto que o professor foi morto, baleado. No momento, policiais da UPP do Alemão afirmaram que reagiram a tiros de criminosos. Na mesma ação, o aluno Thiago Andrade foi baleado em uma das pernas. Ele foi socorrido no Hospital Getúlio Vargas e recebeu alta ontem.

Pai e filho, que treinavam juntos todos os dias, participariam de duas competições neste mês. Apesar da dor da perda, Juan pretende lutar em homenagem ao pai. "Quero realizar o sonho do meu pai, virar um atleta campeão, continuar como ele era, ajudando todos, tirando as crianças da vida errada. Mesmo com o coração pesado, eu vou competir", disse, emocionado.

Jean Samurai será enterrado hoje, no cemitério de Inhaúma, na Zona Norte do Rio, às 10h.