O dia que a atendente de mercado Larissa Aparecida de Oliveira, 19 anos, e o motorista Deivissom Alves, 31 anos, escolheram para se casar tinha tudo para terminar sem final feliz. Larissa acordou, ontem, por volta das 5h, com um despertador comum no Complexo do Alemão: som de tiros. As horas foram passando, mas o tiroteio, não. O salão onde ela faria cabelo e maquiagem estava agendado para as 9h e o casório, que seria às 11h, quase virou pesadelo. Era impossível sair de casa, na localidade do Sabino.
A cerimônia seria comunitária, na ONG Alô Alegria, no Engenho da Rainha, que estendeu a chegada do casal para até 17h. Restou torcer para o tiroteio cessar a tempo. O confronto entre traficantes e policiais militares foi até as 11h. Larissa e Deivissom, que já moram juntos há um ano, chegaram a deitar no chão da cozinha com a filha do casal, de apenas 4 meses, para se proteger.
Nervosa e com medo de tudo dar errado, Larissa se maquiou sozinha. Quando o confronto parou, foi até o salão de beleza, na localidade da Alvorada, para fazer o cabelo. Dez minutos de carro e eles chegaram ao local do casamento às 14h. Numa história digna de novela, mas que retrata a dura realidade carioca, Larissa e Deivissom constataram que a união estava escrita nas estrelas. O desfecho feliz, com um beijo após o 'sim', encheu o casal com a esperança de serem felizes para sempre.