Contar a história do samba sem passar pelo Morro de São Carlos é comer arroz sem feijão. Ali na região, na década de 1920, uma turma de malandros formou a 'Deixa Falar', considerada a primeira escola de samba. Quem explica é Carlos Nogueira, autor do livro 'Samba, Cuíca e São Carlos.
"Por onde passou o negro a semente do samba estava presente. Os sambas antes da presença dos compositores do Estácio era a música dos ranchos , que lembrava a dos cortejos religiosos como a procissão. Essa quase monotonia desagradava aos jovens carnavalescos no final dos anos vinte. A transformação dessa estrutura musical lenta para outra que permitisse aos sambistas cantar, dançar e desfilar ao mesmo tempo foi um dos motivos que levaram os compositores do Estácio a criar um novo ritmo, como reconheceu Cartola, um dos poetas maiores da Mangueira: 'Eu tenho uma opinião: o samba carioca só pegou a sua forma definitiva por causa daquela geração de sambistas do Estácio, na qual Ismael era um líder. Antes chamava- se de samba um tipo de música que tinha muito de maxixe. Quando o pessoal do Estácio começou a divulgar os seus sambas os compositores da época protestaram muito dizendo que aquilo era uma deturpação'. Então o samba moderno foi criado pelo pessoal do Estácio", afirma Nogueira.
Os sambistas da área criaram novos instrumentos. "Não há comprovação incontestável da criação da cuíca, mas alguns pesquisadores atribuem a João Minas, do São Carlos. O compositor Bide, do Estácio, foi o criador do surdo e, para alguns também do tamborim".