Com uma melodia belíssima e uma letra forte, Karina Souza e eu compusemos "Olha como vive o morro", mostrando como a arte por meio da música cumpriu com um dos pilares da arte que brilhantemente emociona e ensina. É a expressão do amor e da dor. Eu sou parte inerente do Jacarezinho, nascido e criado na favela. Desde pequeno estive no samba, minha família foi a fundadora da escola Acadêmicos do Jacarezinho. Minhas músicas retratam o cotidiano da população periférica com sensibilidade e irreverência. Canto em primeira pessoa o que vivo e o que os meus vivem.
Os desdobramentos das ações no Jacarezinho motivaram a Karina e também a mim a criarmos o samba, que lançamos no final de junho em todas as plataformas digitais. Procuramos trazer uma reflexão do olhar e da união, perpassando pelas questões não só do Jaca, mas se expandindo para todos os morros e todas as periferias existentes no país. É preciso que olhemos como vive o morro com a mesma sensibilidade da canção e com o mesmo embasamento de conhecimento que ela nos traz.
Procuramos mostrar, em uma linha do tempo, desdobramentos da história do Rio, tendo essa música um fio condutor para aprendizados. Os problemas sociais, o descaso, influenciam diretamente como sobrevivemos pelos morros, becos e vielas desse país afora.
A letra é tão impactante que já ganhou um prêmio importantíssimo na cena do samba, o 1º concurso de samba Inéditos Berninis. Agora que você já me leu falando tanto sobre esse samba, eu te convido a ouvi-lo na plataforma de sua preferência, tomando uma cervejinha - e, claro, não se esqueça de convidar os seus amigos.