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Comemorando 35 anos de carreia, Toni Garrido ressalta a potência das comunidades: 'É o meu ponto de partida'

Cantor e vocalista do Cidade Negra lembra a infância na Vila Kennedy e reflete sobre a força e a potência do povo periférico

Toni Garrido
Toni Garrido -
Toni Garrido segue firme e forte na missão de compartilhar positividade pelos quatro cantos do mundo. E o legado do cantor não nos deixa mentir. Afinal, são 35 anos fazendo parte da trilha sonora da vida de muita gente e abrindo diálogos a cerca de assuntos pertinentes para, quem sabe, construir uma sociedade ainda mais justa. Nascido e criado na Vila Kennedy, comunidade da Zona oeste do Rio, o carioca fala com paixão de sua vivência na localidade, onde soltava pipa e jogava bola até descobrir seu talento na música. 
"A minha origem é o que norteia. É o meu ponto de partida é a Vila Kennedy. Sou totalmente da VK, minha
família inteira está toda mundo muito lá. A minha vida, o meu destino, foi trabalhado a partir da minha realidade e isso criou o meu discurso. Automaticamente, eu estou aqui hoje por conta do meu discurso e da minha realidade. Quero olhar para traz e fazer essa comparação: daquele cara, que sai da comunidade e conseguiu ser o melhor que eu pude", destaca o cantor e vocalista do Cidade Negra.
E essa vivência, claro, aparece impressa por entre as músicas de sua discografia. Tanto que em "Girassaol", um dos grandes hits da banda de reggae mais famosa do Brasil, o cantor reflete: "A favor da comunidade, que espera o bloco passar, ninguém fica na solidão, embarca com suas dores". Versos eternizados por ele, dando o tom de uma sociedade que olha para frente, onde ninguém solta a mão de ninguém.
"A Vila Kennedy pra mim é felicidade pura. Todo o meu contato com a natureza veio de lá. Porque tem muita árvore, terra batida, o calor de Bangu batendo na teste", conta ele, aos risos. "Lembro das amendoeiras, goiabeiras e mangueiras. A gente se alimentava disso o dia inteiro para poder jogar bola na rua. Ou era pipa, gude, e tinha também toda aquela situação de você ver as diferenças sociais dentro da própria comunidade", ressalta Toni.
Pluralidade essa que foi responsável por construir sua identidade musical e uma visão clara de que as favelas também são locais de potência. "Tinha crente, candomblé, as noites tinham um som de atabaque e também durante o dia tinham as igrejas. E os tinha os bailes, a quadra. E a partir dai comecei a ver os artistas da Vila, o Andre Ramiro, e outra galera, o coletivo das mulheres que protegem a biblioteca e o teatro. Há um poder feminino de transformação muito forte", ressalta o cantor.

'A imunização é muito importante'

Em 2019, o Cidade Negra retornou aos palcos, após um hiato de quatro anos. Em comemoração, a banda lançou a faixa Sensacional, mas logo veio a pandemia e Toni precisou se recolher. Desde então ele vem promovendo lives e fechando parcerias. A última foi na faixa Teu Olhar, ao lado do Overdriver Duo: uma música cheia de esperança e amor. "É uma faixa que traz alento e carinho para esse momento. Eles são do Sul e eu estava aqui no Rio, mas o amor aproxima. Todos são grandes artistas", conta Garrido, de 53 anos, que está preparando um novo trabalho para o pós-pandemia. "As lives são uma alternativa para quem precisa trabalhar. Deu um alívio, mas não é a mesma coisa que a energia do palco. Mas agora vem show, trabalho novo...", adianta, ressaltando a importância da vacinação contra a Covid-19. "A gente tem que agradecer por quem sobreviveu à essa onda. Foi e está sendo muito perigosa. A imunização é muito importante para a gente se salvar", diz.

Toni Garrido Divulgação
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Toni Garrido fotos Divulgação
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