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Alex de Oliveira o 'Eterno Rei'

Durante 10 anos ele esteve a frente da corte que representa o carnaval do Rio e acredita que teremos desfiles em 2022

Alex de Oliveira foi Rei Momo do carnaval carioca por 10 anos!
Alex de Oliveira foi Rei Momo do carnaval carioca por 10 anos! -

Um carioca da gema, como dizem! Assim é Alex de Oliveira, um sambista nato, que já atravessou a passarela do samba por 10 anos como Rei Momo da corte do carnaval. Era obeso, emagreceu mais de 100 kg e neste ano volta ao grande cenário do samba como o arquiteto e idealizador do projeto que moderniza a Cidade do Samba! A Coluna te convida a conhecer um pouco mais sobre a história do 'Rei Momo Iº e Único' - Alex de Oliveira

 

Vamos começar falando desse título de 'Rei Momo' por 10 anos. O que era necessário para sustentar esse reinado além do samba no pé?

As continuas reeleições davam-se por uma questão de identidade. As pessoas passaram a reconhecer em mim a figura do Rei Momo Iº e Único! E é gratificante esse reconhecimento e essa identificação. Mais que o samba no pé, a identidade, comprometimento em fazer o melhor e a personalidade acabaram ajudando nas reeleições. Na verdade, qualquer cidadão que queira participar do concurso, pode. Contando que atenda aos pré-requisitos básicos: ser residente na capital carioca, estar na faixa etária regulamentar, estar apto com os documentos exigido, e claro, ser apaixonado por carnaval.

 

Estar ali significava o que para você?

O ápice, contribuir, compartilhar para o crescimento da festa. Enxergar as necessidades, os desejos do folião em manter vivo aquele que é o maior espetáculo da terra. Estar ali é uma oportunidade de poder olhar com carinho os eventos mais simples aos mais badalados. Motivar e trazer alegria às pessoas. Trazer esperança a um povo sempre tão sofrido…

 

Você era bem gordo. Esse era um dos requisitos para concorrer ao posto da corte. Dava para desenvolver com o peso que tinha? E como era sua saúde?

Na verdade, foi um problema crescente. No primeiro modelo de concurso Rei Momo, onde havia limite mínimo de peso estabelecido no regulamento, acabava vencendo o mais gordo. A gente tinha que, mesmo gordo, ter algo de atleta para dar conta dos requisitos. E minha saúde foi agravando ao longo do tempo. Nos últimos anos de Reinado eu fui virando obeso mórbido e com risco iminente de morte. Até que viram que esse regulamento era um tanto incoerente e mudaram.

 

Mas depois emagreceu e logo o peso deixou de ser um quesito para a inscrição a disputa de Momo. Teve algo a ver com essa mudança?

Eu apresentei a proposta para a Riotur e viram que era melhor mudar a regulamentação. Não só por conta da questão física, mas porque não havia muitos candidatos que obedecessem aqueles requisitos. Eles também viram nisso uma maneira de promover uma renovação no cargo. Ironicamente, eu, que sugeri a mudança no regulamento, vim a perder a eleição de 2004 para um candidato magro.

 

Em que momento decidiu mudar sua rotina de vida? Pois vemos vários posts seus de exercícios diários.

Sim, depois que me vi obrigado a condição da cirurgia de colocação de um balão gástrico, tive que encaixar-me num novo modo de vida e  aprender o que era qualidade de vida. Isso foi trazendo resultados positivos que me estimularam a mudar por completo meus hábitos. Com 140 kg a menos, a estima eleva-se em progressão.

 

Mas acredito que muitos não devam saber que além de um bom sambista você e professor de arquitetura. E isso mesmo?

Sambista eu já nasci sendo (risos), embora arquiteto de formação, especializado em design e cenografia e mestre em engenharia ambiental, além de ser há 12 anos professor da UVA/RJ e consultor da Lopes Marinho. Realmente, esta é uma vertente minha que é pouco conhecida…

 

Já realizou projetos conhecidos na cidade do Rio? Até mesmo para o samba?

Tenho o orgulho de estar envolvido em dois grandes projetos que envolvem o carnaval. Um deles é a readequação atual da Cidade do Samba, com desenvolvimento de um polo gastronômico e modernização do espaço, além da reforma junto ao entorno do Sambódromo, com o projeto/reconstrução de moradias populares daquela região e o terceiro projeto é a construção da Cidade do Samba 2, equipamento urbano de entretenimento e lazer que vai atender as escolas da Serie Ouro e suas comunidades.

 

O carnaval lhe abriu portas para outros caminhos?

Por conta dos 10 anos como Momo, acabei conhecendo muita gente e o network foi favorável. Trazer essas interfaces para meu dia a dia como profissional, contribuiu nessa leitura de que é necessário para engrandecer e valorizar a arte e cultura do carnaval e o nome da cidade do Rio de Janeiro.

 

Sabemos que já foi até mesmo carnavalesco. Como foi essa experiência?

A experiência como carnavalesco veio primeiro por conta do ofício como arquiteto, fazendo projeto de alegorias, já que isso dialoga com a minha questão profissional como projetista e cenógrafo, auxiliando aos carnavalescos. Cabia a mim a parte executiva dos projetos, o que me deu o entendimento da funcionalidade da técnica construtiva desse palco móvel e dinâmica de barracão. Isso me proporcionou criar minha identidade e minha leitura de carnaval. Ainda quero voltar à avenida e contar histórias que me agradam com muita história, picardia humor e ironia. Acho que carnaval é para quem tem algo a dizer, e tenho muita história boa inusitadas e desconhecidas para contar na avenida

 

Sabemos que nesse meio existem vaidades. Lembra de alguma situação que te deixou perplexo nesse sentido?

Muitas!(risos) E, em inúmeros setores do carnaval. Mas relevo porque creio que acima de tudo está a própria instituição do carnaval, que é maior que as agremiações e as pessoas ditas vaidosas. Entendo que a nossa função é apenas contribuir para que a festa seja plena.

 

Ainda tem planos no carnaval carioca?

Sim! Sempre! Já pensando em 2022, estou fazendo projeto de camarote na Sapucaí e vibrando para que tenhamos um Carnaval num momento mais positivo e seguro, por conta da pandemia.

 

Acredita que no próximo ano teremos carnaval com segurança?

Acredito sim! A despeito de uma serie de equívocos na gestão da pandemia, especialmente por conta do Governo Federal, acho que até o fim do ano teremos uma porcentagem segura de pessoas vacinadas e poderemos estar realizando com segurança o carnaval de 2022. Tanto no ano passado como 1920, ano da Gripe Espanhola, ficamos sem carnaval. E estou certo de que tal como aconteceu no passado, a festa vindoura há de exorcizar toda essa tristeza! 

 

E quais serão os próximos passos de Alex de Oliveira nesse ano?

Sambar! De preferência (risos). Pretendo também colocar em papel e realizar o projeto que visa revitalizar o entorno do sambódromo, com a construção de um complexo habitacional moderno, tanto na técnica construtiva em conformidades ambientais como na experiência do bairro para os que ali residem. Uma outra experiência do espaço urbano. E, meu maior orgulho bibliográfico, projeto literário sobre o Rei Momo, numa edição de luxo. Uma profunda pesquisa sobre as origens do Rei Momo, num livro que escrevo em parceria com o Vitor Antunes, que faz parte da equipe criativa da Estácio de Sá.

Agradecimentos

Agradeço pelo espaço, pelo carinho que me foi generosamente cedido. Evoé, Momo!

Salve RJ. Salve Carnaval!

Galeria de Fotos

Alex de Oliveira Reprodução
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Alex de Oliveira Reprodução
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