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Quem são as mulheres do Rio de Janeiro?

Secretaria Especial de Políticas e Promoção da Mulher lançou mapeamento sobre moradoras da cidade

Mapa da mulher carioca 2022
Mapa da mulher carioca 2022 -

A Prefeitura do Rio lançou no início do mês o relatório do Mapa da Mulher Carioca de 2022, que reúne dados sobre mais de 3,6 milhões de moradoras da cidade, nas áreas de saúde, segurança, educação, emprego e moradia. Os números impactam diretamente na possibilidade de construção de políticas públicas de enfrentamento à violência de gênero e promoção às mulheres cariocas.

Ao todo, elas representam 54,4% da população, com maior concentração populacional na região da Zona Oeste, nos bairros de Campo Grande, Bangu, Santa Cruz, Realengo, seguido pela Zona Norte, na Tijuca. O estudo mostra que as mulheres cariocas são maioria nas fases de educação até a graduação, com exceção da básica, e apresentam índices maiores de conclusão em relação aos homens. No entanto, são as mais impactadas no mercado de trabalho e ocupação de cargos de liderança. Fator muito influenciado pela pandemia da Covid-19 e pelo estereótipo feminino da mulher como cuidadora, o que só reforça as desigualdades de gênero. Sendo o impacto ainda maior para mulheres pretas.

“Para construir um Rio de Janeiro melhor para todas as mulheres, é fundamental entender a vida das cariocas. Pois uma política pública que transforme a vida das pessoas só é efetiva quando construída a partir de dados e participação social. E o Mapa da Mulher Carioca é essa resposta”, afirma Joyce Trindade, Secretária de Políticas e Promoção da Mulher na Prefeitura do Rio.

A cientista social, Aline Moreira, de 34 anos, moradora de Campo Grande vivencia de perto essa realidade. "Me transformei no meu estudo de caso. Desde 2011 pesquisava sobre o trabalho doméstico. Engravidei no meio do mestrado, final de 2018, e tive que tocar o restante da qualificação com a gestação e depois ainda veio a pandemia. Eu fico em casa desde que Luiza nasceu, há 3 anos, e tenho um trato com meu companheiro que é o provedor da casa e eu exerço essa função de educadora e cuidadora do lar", disse.

A pesquisa também alerta para os casos de gravidez na adolescência (de 10 a 18 anos, conforme Estatuto da Criança e do Adolescente) que em 2011 aumentaram para 11%. Sendo a proporção entre mulheres e meninas negras (66%) praticamente o dobro das brancas (34%). Os números mais altos de gravidez entre 2019 e abril de 2022 aparecem na Zona Oeste, Bangu, Santa Cruz, Campo Grande e Jacarepaguá. Seguidos por Madureira, Pavuna, Méier e Penha, na Zona Norte. No período, 20% dos nascidos vivos tiveram mães com pré-natal insuficiente.

Maria Martha, de 41, diretora da Gênero e Número, organização de jornalismo de dados que lançou o mapa em parceria com a Secretaria Especial de Políticas e Promoção da Mulher, fala da importância da pesquisa.

"A importância de trabalhar e compartilhar a publicação desses dados é que eles trazem evidências de desigualdades que são muito marcantes no município do Rio e que de certa reproduzem as desigualdades do resto do país. Vemos diferença grande de remuneração entre homens e mulheres, diferenças nas horas dedicadas ao trabalho doméstico... Com esses números temos como municiar o poder público de evidências para que haja um planejamento adequado. A segunda etapa fica na mão das autoridades para que tenham responsabilidade e o dever de elaborarem políticas públicas que atendam as mulheres que mais necessitam".

 

Mapa da mulher carioca 2022 Talita Nascimento / Prefeitura do Rio / Divulgação
Mapa da Mulher Carioca de 2022 Talita Nascimento / Prefeitura do Rio / Divulgação

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