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'Um cara muito perigoso porque não tem limites', diz Ricardo Pereira sobre personagem em 'Cara e Coragem'

De volta à TV brasileira, ator comenta preparação para interpretar Danilo, os rumos da novela e o recente pedido de renovação de votos feito pela esposa, Francisca Pereira

Ricardo Pereira interpreta Danilo em 'Cara e Coragem'
Ricardo Pereira interpreta Danilo em 'Cara e Coragem' -
Rio - O ator português Ricardo Pereira é presença garantida nas telas da TV Globo desde que protagonizou a novela "Como uma Onda", em 2004, e agora rouba a cena como o vilão Danilo, de "Cara e Coragem". Na trama, seu personagem vai além dos limites em busca da pasta com a fórmula secreta de Clarice, vivida por Taís Araújo, e no capítulo desta segunda-feira verá seu objetivo ser dificultado pela revelação de que a empresária sobreviveu e está em coma após sofrer um acidente. Em entrevista ao Meia Hora, o ator de 42 anos fala sobre os rumos de seu personagem no folhetim, os trabalhos realizados em Portugal antes de retornar ao Brasil após o isolamento social e o segundo pedido de casamento feito por sua esposa, Francisca Pereira.
Como foi esse período afastado das novelas brasileiras devido a pandemia? 
A pandemia parou tudo e adiou alguns projetos. "Éramos Seis" foi a última novela a encerrar as gravações, foi no começo da pandemia no Brasil e terminamos a trama com essa preocupação. Concluímos os capítulos e entramos em confinamento. Eu passei parte da pandemia aqui e outra parte em Portugal com os meus pais que têm uma certa idade. Como o confinamento em Portugal terminou um pouco mais cedo, eu já tinha o projeto de 'Cara e Coragem' em radar, e fui convidado para fazer o filme "Revolta", que está em cartaz lá, fiz uma participação na série "A Generala" e tive mais um projeto que foi "Amor Amor", uma novela onde eu interpretei um cantor de música popular portuguesa. Depois disso, foi a hora de voltar ao Brasil. A Globo retomou as produções e começamos a leitura dos capítulos da trama. 
O convite para "Cara e Coragem" aconteceu antes da pandemia? Como foi esse processo?
Já tínhamos falado sobre a novela meses depois de "Éramos Seis", só que ela foi sendo adiada por essas inconstâncias. Colocar uma máquina de produção de novelas rodando é muito grande e envolve muita gente, precisamos tomar todos os cuidados de saúde. Fui convidado para o projeto na pandemia e fomos trabalhando nela, mas ela de fato começou a acontecer no final de 2021 quando ocorreram os ensaios com as pessoas reunidas. Fomos trabalhando ao longo do tempo, cada um na sua casa e, depois, quando deu, nos juntamos e testamos tudo que tínhamos idealizado para os personagens. 
Como esse período maior entre o convite e as gravações fizeram diferença na sua preparação para viver o Danilo?
É super importante termos tempo para criar, falar com a direção artística e trocar uma ideia de como pensaram nos personagens, conceituar a novela, falar com a autora... essa troca é importante e às vezes não temos tanto tempo. Embora eu ache que temos tido muito cuidado nas preparações de cada trabalho. Acho importante termos tempo para se preparar, colocar as nossas dúvidas, conhecer o elenco, escutar a outra pessoa e ver como ela vai fazer. Tudo isso é fundamental para tudo correr bem. Quanto mais tempo tivermos, melhor, porque conseguimos agarrar e fazer melhor o personagem. 
Na trama, seu personagem busca a pasta com a fórmula secreta. Existe um limite para essa ambição do Danilo? 
Não existe um limite. Ainda não vimos até onde de fato ele pode ir. Sempre o vimos como o cara ardiloso, que comandava, estava super bem apresentado, um cara envolvente, sedutor e ao mesmo tempo, um cara que sabia muito bem o que queria e iria lutar por isso. Ele ama de verdade a mulher e o enteado, só que começamos a ver que ele faz parte dos vilões, que ele está envolvido na morte da Clarice [Taís Araújo], só que não sabíamos até onde ele poderia ir. Nos últimos capítulos, temos assistido que ele mandou dar uns tiros em alguém, se envolveu no sequestro de umas pessoas, paga outras pessoas para se envolverem no trabalho com ele... Ele é um cara muito perigoso porque não tem limites. 
Como esse lado pode impactar na relação do Danilo com a esposa Rebeca [Mariana Santos]?
Até então é tudo muito bom e ele fará de tudo para que a relação continue sendo muito boa, porque de fato ele a ama. Eu e meu preparador particular, com que eu trabalho há muito tempo, preparamos esse personagem como se ele tivesse perdido alguém da família ou tivesse sido abandonado, para a gente entender o motivo de ele não querer ser abandonado pela mulher e perder aquela família. É quase um trauma, ele foi abandonado uma vez e não quer que aconteça de novo. Ele vai fazer de tudo para nunca, nunca destruir aquela relação. Só que as coisas vão começar a tropeçar umas nas outras, a desconfiança da mulher, as questões que os amigos irão levantar, as coisas que ele está envolvido e a mulher vai começar a duvidar. Vai criar uma instabilidade na relação e irá surgir algum drama entre os dois, e isso é tudo que ele não quer mas vai acontecer. 
Um dos mistérios que rondaram a trama foi a morte da Clarice [no capítulo desta segunda-feira será revelado que a personagem sobreviveu ao acidente mas acabou em coma]. Qual o envolvimento do Danilo na tentativa de assassinato da empresária? 
Desde o início, ele, o Léo [Ícaro Silva] e a Regina [Mel Lisboa] têm a ver com isso. Eles procuram e querem a fórmula para vender. Eles querem se dar bem, ganhar dinheiro e querem o poder. Querem a presidência da empresa e ter o poder de fazer os negócios e todas as coisas ruins que eles querem fazer sem o controle da Marta [Claudia Di Moura]. Ao longo da história, eles falam muito sobre a noite da morte da Clarice e todo mundo fala do descontrole que foi aquela noite.
Como você definiria esse trio de vilões? Essa novela marca o retorno de Mel Lisboa as novelas, como tem sido trabalhar ao lado dela e do Ícaro Silva? 
Eu já tinha trabalhado com eles, são dois parceiros de cena muito bons, intensos e prontos para o jogo. De cara, quando fizemos o trabalho de preparação para a novela, a gente se deu super bem e trouxemos propostas sobre a criação desse triângulo de vilões que tinham que disfarçar muito o que queriam, para não entregar logo, e também tinham que trabalhar em equipe. Eles jamais poderiam pensar que pudessem trabalhar isoladamente. O Danilo ainda finge que não precisa deles para nada e tenta trabalhar sozinho, mas na verdade ele precisa muito deles pela questões que acontecem na empresa. É um grupo muito coeso e tem sido uma experiência incrível. São dois amigos com quem eu já tinha cruzado em outros trabalhos e que sido um prazer dividir as cenas, pensar em casa as coisas e depois executar. É uma troca bacana porque são dois atores incríveis e trazem uma parceria muito boa para esse grupo de vilões. 
Você participou de alguns filmes em Portugal após o término da quarentena. Tem alguma preferência entre o cinema e a televisão?
São trabalhos completamente distintos. Teatro, cinema, novelas...eu tenho, ao longo da minha carreira, navegado um pouco por todos eles. Essa é a minha trigésima novela, entre trabalhos em Portugal e no Brasil. Eu tenho feito muito cinema. Além do "Revolta", eu fiz outro filme que estreou nos cinemas brasileiros, chamado "Aos Nossos Filhos". É um filme muito bacana e com uma temática muito importante. Na verdade, eu estou gravando "Cara e Coragem", mas estou nos cinemas em Portugal e no Brasil. As linguagens são diferentes e cada lugar tem seu prazer. A novela é uma obra aberta e no cinema você já tem um roteiro e trabalha em cima dele, você sabe o princípio, meio e fim. Eu amo fazer todos eles, gosto de circular entre essas linguagens totalmente diferentes. 
Você possui outros projetos em paralelo as gravações da novela?
Eu estou muito focado na novela, super empenhando, lendo os capítulos e gravando todo o dia. Estou recebendo muita coisa para ler, convites de cinema, teatro e de novelas também, séries... estou lendo calmamente e entendendo qual, artisticamente, é o melhor desafio que eu quero fazer em seguida. Mas nesse momento ainda tenho uma estrada grande de "Cara e Coragem", então estou lendo, ouvindo, falando com essas pessoas incríveis que vão me convidando para esses projetos e depois vou decidir qual o próximo passo. 
Você foi pedido em casamento pela segunda vez [o ator é casado com Francisca Pereira há 12 anos] no topo do Cristo Redentor. Entre tantos compromissos profissionais, você está conseguindo pensar nos preparativos para a celebração? 
Acho que nossa vida profissional tem que ter o equilíbrio perfeito com nossa vida pessoal. Uma coisa tem que ir com a outra, porque a gente precisa ter tempo. Eu prezo muito isso e respeito muito isso, ter tempo para estar com a família, com os amigos, para termos a nossa vida fora do trabalho. É muito importante porque ela te dá o equilíbrio e a alegria que você precisa para encarar seus projetos profissionais. Essa proposta para me casar de novo com a minha mulher me pegou de surpresa, estávamos celebrando o aniversário de 12 anos de casados e eu tinha preparado uma visita ao Cristo, que é um lugar que a gente gosta muito e, do nada, ela aparece com outras alianças e me pede em casamento de novo. Teremos que organizar um encontro para celebrar essa união, talvez no ano que vem, já com os filhos presenciando esse momento. Acho que será uma data bonita. Claro que teremos que arrumar tempo para se organizar para que seja um dia especial como a gente quer.
Reportagem da estagiária Letícia Pessôa sob supervisão de Tábata Uchoa
Ricardo Pereira interpreta Danilo em 'Cara e Coragem' Estevam Avellar/Globo
Ricardo Pereira interpreta Danilo em 'Cara e Coragem' Estevam Avellar/Globo
Ricardo Pereira interpreta Danilo em 'Cara e Coragem' Estevam Avellar/Globo
Ricardo Pereira interpreta Danilo em 'Cara e Coragem' Estevam Avellar/Globo

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