Mais Lidas

Duh Marinho

Entrevista com o cantor do sigle "Não me cancela não"

Duh Marinho
Duh Marinho -

Um artista múltiplo, homossexual assumido, que começou a carreira tentando cantar na igreja, mas não permitiram. Assim o menino da Baixada Fluminense foi trilhando seu caminho. Graduado em Publicidade, escolheu a fotografia como hobby, até que se tornou umas das referências do meio no quesito cliques autênticos. Mas seu foco sempre foi a música, e hoje ele luta no cenário musical para ouvir seu suingue nas rádios e bombando nos trending topics do Brasil e do mundo! A coluna te convida a conhecer Duh Marinho, autor do single "Não me cancela não".

 

Vamos falar dessa alegria que você carrega. Esse é você ou apenas o artista?

Nossa, esse sou 100% eu. Aprendi que sofrer não resolve o problema, então eu tento sempre levar a vida de uma forma positiva, valorizando o que realmente importa. Muito raro ficar triste!

 

Como é feita a seleção do que vai gravar? As composições são suas?

Sim, as letras são todas escritas por mim. Geralmente tenho uma ideia e fico pensando sobre ela e cantarolando na mente. Quando evolui, gravo no celular e finalizo. Agora eu tenho pensado muito em gravar músicas que digam e passem o que preciso dizer.

 

Chegar a um patamar na música sempre foi o sonho do menino da Baixada?

Sempre! Eu tenho consciência que sou um artista múltiplo. Além de fazer músicas eu fotografo e me comunico bem através das redes sociais, mas a música é meu grande lance!

Duh Marinho - Divulgação

 E como foi o começo?

Cresci ouvindo os grandes nomes da MPB, que meu pai era fã. Ainda na infância frequentávamos uma igreja evangélica onde minha irmã cantava, eu ficava querendo cantar junto mas não deixavam muito. Quando fiz 18 anos, incentivado por amigos, fui tentar mostrar minhas músicas na Furacão 2000. As coisas lá não foram fáceis, não sabiam lidar com um artista gay. Após muitas tentativas fui convidado a fazer parte do Bloco da Preta Gil, onde fiquei por cerca de 3 anos.

 

E a sua família... sempre te apoiou?

Minha família não concordava com minhas escolhas mas respeitava. E com o passar do tempo eles perceberam que era isso que eu queria mesmo e passaram a me apoiar!

 

Você tem um estilo alternativo. Acha que isso pode ser de certa forma uma barreira em sua carreira?

Eu não me considero tão alternativo assim, minha proposta é fazer um suingue pop com banda. Esse gênero ja fez bastante sucesso no Brasil com artistas como Jorge Ben Jor, Sandra de Sá e muitos outros. Hoje em dia não existe ninguém em evidência fazendo esse estilo, mas é o som que minha alma produz, não tenho possibilidade de fazer outra coisa. Mas acho que em breve as pessoas vão compreender que é mais popular do que parece.

Duh Marinho - Divulgação

Falando em barreiras, fale de preconceitos. Alguns marcaram de uma forma geral?

O preconceito é uma realidade. Ser uma bicha preta no Brasil é um ato de resistência. Resistir pelo simples direito de existir. Na Furacão 2000, por exemplo, os DJs não tocavam minhas músicas, pois eu era uma bicha tentando fazer funk. Na cabeça deles essa conta não fechava. E depois eu cantei funk pelo Brasil inteiro no Bloco da Preta. Ou seja, eles estavam enganados.

 

Você é amigo de diversos artistas e sempre esteve presente em festas, eventos… isso é bom ou nem tanto em relação à carreira?

É bom e ruim (risos). É bom pois estar perto de artistas que admiro é uma faculdade que dinheiro algum no mundo pagaria. Com eles aprendo o rolê dos bastidores que nem imaginamos como funciona. A parte ruim é a cobrança das pessoas para que eu esteja no mesmo patamar deles ou que me ajudem. Todos os dias recebo mensagens do tipo por que fulano não te ajuda? E é preciso entender que cada um tem o seu processo, eu estou no meio do meu. Estudando, evoluindo, me testando, me experimentando e na hora certa as coisas fluirão! Quanto à questão da tal ajuda, tem que perguntar pra eles (risos).

 

E tem aquela pessoa que está sempre lhe aconselhando sobre como conduzir sua vida, carreira e que guarda com carinho?

Pra ser bem sincero, meu único amigo próximo, que curte minha arte, ouve, gosta e mostra pra todo mundo é o Gominho. O resto da galera é meio ocupado e eu entendo!

 

Seu último single 'Não me cancela não' fala da política de condenação na internet. Isso te assusta?

Essa era que vivemos permite ao mesmo tempo que diariamente novos artistas sejam descobertos e também dá uma liberdade para pessoas que você não conhece te tratarem como coisa. Sem se preocuparem se do outro lado é um ser humano. Falta aquele exercício basiquinho de se colocar no lugar do outro.

Galeria de Fotos

Duh Marinho Divulgação
Duh Marinho Divulgação
Duh Marinho Divulgação
Duh Marinho Divulgação
Duh Marinho Divulgação
Duh Marinho Divulgação
Duh Marinho Divulgação

 

Comentários