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se concentra nas COMUNIDADES'

Roberta Rodrigues diz que as pessoas se doam mais nas favelas

'Sou preta, mulher da favela e não tenho problema quanto a isso'. É com o discurso de quem nunca deixou suas origens de lado que a atriz Roberta Rodrigues, de 37 anos, nascida e criada no Morro do Vidigal, sonha com dias melhores para a comunidade da Zona Sul, onde mora até hoje com a família.

Referência de sucesso para jovens mulheres da periferia, Roberta é a prova de que todo sonho é possível, quando sonhado em conjunto. Foi aos 16 anos que ela deu os primeiros passos no Grupo de Teatro Nós do Morro, se reconhecendo, pela primeira vez, como atriz. Uma trajetória que se orgulha em contar para a filha, Linda Flor, de 3 anos.

"Eu, enquanto mãe que vim da favela, chego nesse lugar de atriz, do glamour, não consigo me sentir à vontade, nem achar que sou melhor do que alguém por isso. Muito pelo contrário, porque você precisa provar mil vezes mais e, se precisar, vou provar", ressalta Roberta, que tenta manter Linda longe do tal glamour. "Tento passar para minha filha o que é de verdade", destaca.

Sentindo na pele as dores e as delícias de morar na favela onde nasceu, Roberta viu de perto o drama de pessoas próximas durante a pandemia do novo coronavírus. Situação que escrachou a desigualdade social que existe entre o morro e o asfalto.

"Nesse momento, a gente fala de humanização. E a humanização se concentra nas comunidades, onde as pessoas têm menos condições, mas se doam mais", diz a atriz, acrescentando que a doença trouxe dados preocupantes para o povo da favela, que viu no SUS sua única salvação. "Não tem como, nessa pandemia, você não entender que a cor da pele não pode ser maior do que o preconceito. Eu fui uma pessoa que passei a maior parte da minha vida sem plano de saúde. Ia para o Hospital Miguel Couto desde pequena. Já estava na hora da gente entender que o Brasil é diverso", decreta. 

Na pele de enfermeira

Apesar do ano difícil, Roberta só tem a comemorar quando se trata da sua profissão. É que ela estreia na terça-feira a temporada especial sobre a pandemia da série Sob Pressão, na Globo, como a enfermeira Marisa. "Na periferia, as que sonham com medicina, encontram chances na enfermagem. Representar essas profissionais foi um presente", diz. Com hospital de campanha montado nos Estúdios Globo, a equipe da série foi a primeira a voltar às gravações presenciais. "Tive sensação de que eu ia tirar a máscara de proteção da personagem e isso tudo de pandemia não passava de mera ficção."

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