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Basquete para todas as idades: conheça o projeto do Clube Desportivo Atitude

Iniciativa atende cerca de 60 crianças gratuitamente e planeja levar o esporte à idosos na Zona Norte

Aulas do professor Cléber Bueno acontecem na Escola Municipal Luiz César Sayão Garcez, em Olaria
Aulas do professor Cléber Bueno acontecem na Escola Municipal Luiz César Sayão Garcez, em Olaria -
O destaque para o Campeonato Carioca de basquete em 2020 é o Clube Desportivo Atitude (CDA). Com apenas um ano e meio de vida, é a primeira vez que a equipe disputa a competição, mas o diferencial do CDA está fora de quadra: um projeto esportivo sem fins lucrativos, que leva o basquete gratuitamente até cerca de 60 crianças em Olaria e planeja atender pessoas de todas as idades.

A ideia veio durante uma pelada na Urca, mas foi concretizada com dois moradores do Méier: Roberto Almeida, conhecido como Betinho, técnico de basquete e professor de educação física; e Flávio Machado, que é contador, ex-atleta e sempre esteve ligado ao esporte carioca. Da amizade de cerca de 40 anos entre eles, surgiu o Clube Desportivo Atitude, com o objetivo principal de ser um projeto social. O investimento vem dos recursos da dupla, que busca apoio e patrocínios para crescer ainda mais.

A intenção era criar uma instituição que oferecesse, de forma gratuita, o basquete em diversas categorias - desde a base, passando pelo profissional e chegando a atividades físicas com idosos.

Hoje sediado em Piedade, o CDA tem uma parceria com o Piedade Tênis Clube, que cede suas instalações. A reforma da quadra e os materiais para o treinamento, como tabelas, piso e o cronômetro de 24 segundos, ficaram por conta do Atitude. A ideia é alcançar toda a área do entorno - Méier, Engenho Novo, Engenho de Dentro, Cascadura, Cavalcante, Cachambi, Jacarezinho - com atividades gratuitas.

Com as crianças, a escolinha do CDA já está consolidada. Em parceria com o professor Cléber Bueno, técnico também da categoria sub13, o clube oferece aulas de basquete para cerca de 60 crianças de 8 a 12 anos, na Escola Municipal Luiz César Sayão Garcez, em Olaria. Bueno leciona educação física e xadrez no colégio e já dava aulas de basquete antes da parceria, mas a entrada do Atitude trouxe materiais novos e melhorou a estrutura para as aulas-treinamento.
A parceria entre Cleber Bueno e o CDA leva o basquete a cerca de 60 crianças gratuitamente - Divulgação
“O objetivo desse projeto é vincular o jovem a um esporte. Esse vínculo acontece quando a criança é um bom aluno dentro de sala de aula. Para participar do projeto, deve melhorar o comportamento, suas notas, depois é agraciado. E os pais também têm que participar e autorizar a participação do seu filho. Futuramente nós queremos implementar uma ajuda como cesta básica, cursos de inglês e benefícios além do basquete para essas crianças da comunidade”, destacou o professor.

Gustavo Lima Ribeiro da Fonseca, de 11 anos, é morador de Olaria e um dos atletas da escolinha. E sua mãe, Vanesca Lima da Fonseca, aprova a oportunidade: “Meu filho se desenvolveu bastante com as aulas, gostou muito. Se dedica, passou até a ter um pouco mais de responsabilidade. O professor cobra muito da disciplina dos alunos. Para participar do basquete, tem que tirar nota boa”, explicou.

Para desenvolver seu trabalho, Cléber Bueno aproveita ao máximo o contato que tem com as crianças dentro e fora do horário letivo. Como boa parte dos alunos da escolinha também têm aulas de xadrez com o professor, os movimentos começam no tabuleiro e terminam dentro da quadra.
A escolinha atende crianças de 8 a 12 anos - Divulgação


“Xadrez é uma ocupação de território dentro do tabuleiro. E na quadra também. Eu tenho que ocupar o território do meu adversário para ter a oportunidade de fazer a cesta. Tem determinadas linhas, colunas, diagonais que as peças andam. Na bandeja, por exemplo, você vem pela lateral e entra na diagonal. Eu associo essas peças a movimentos que eles têm que fazer no jogo”, explicou.

A extensão do CDA para as crianças é também uma forma de Flávio Machado e Betinho demonstrarem gratidão ao basquete. Por isso, a iniciativa de atingir pessoas de todas as idades, como explicou Machado:

“Nós queremos fazer com as pessoas o que o esporte fez pela gente. Então, se alguém quiser investir, o retorno tem que ser no social. Quanto mais pessoas a gente agregar, melhor. De repente a gente até garimpa algum Nenê, algum Marcelinho… O que não falta é jogador aí, que não tem oportunidade de demonstrar o talento”, brincou.

“Eu sou um exemplo vivo disso, sou nascido e criado dentro da Barreira do Vasco e graças ao Vasco tenho uma vida estável. Acredito que, dando a oportunidade a um jovem, consegue tirar algumas pessoas da rua, da informalidade, da criminalidade. Então a gente faz o projeto para as crianças, principalmente. Mas é também para os adultos e para a terceira idade”, continuou Machado.

A ideia de estender o projeto para a terceira idade ficou paralisada durante a pandemia, mas o objetivo é controlar a saúde, oferecer à comunidade aulas de atividade física laboral para cardíacos e hipertensos, por exemplo. Entre os planos, estão também estender o CDA para outras modalidades olímpicas e oferecer mais benefícios aos atletas:

“Vão receber bolsas de estudos em faculdades, passes de intercâmbio, se a gente arrumar. O que a gente conseguir em termos de cultura e estudo, esse time vai receber. Mas isso vem, realmente, de captar empresas, além da população abraçar nosso projeto, nossa marca”, afirmou Betinho.

Se depender da aprovação do atleta Pedro Ferreira, o projeto tem muito futuro. Aos 21 anos, ele é ala/armador e um dos reforços do Atitude para o Campeonato Carioca na categoria Adulto. A participação na competição promete maior visibilidade ao CDA, além da sensação de um futuro próximo para as crianças beneficiadas.

“A iniciativa do CDA é louvável. É nítida a dedicação e o empenho da comissão técnica e diretoria. Um trabalho muito sério de pessoas que se mostram apaixonadas pelo esporte. O fato de ter uma equipe adulta é algo muito importante para as categorias de base. Essa garotada acaba se espelhando no time e vendo até onde eles podem chegar. Acredito eu que, em breve, o projeto vai estar colhendo frutos no meio do basquete”, concluiu Ferreira.
*Estagiário sob supervisão de Mário Boechat
Aulas do professor Cléber Bueno acontecem na Escola Municipal Luiz César Sayão Garcez, em Olaria Divulgação
A parceria entre Cleber Bueno e o CDA leva o basquete a cerca de 60 crianças gratuitamente Divulgação
A escolinha atende crianças de 8 a 12 anos Divulgação