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Presidente do Peru sofre impeachment e diz que deixa o poder 'de cabeça erguida'

Destituído pelo Congresso, o presidente acumula grande aprovação popular e disse que não quer que seu espírito seja entendido como 'apenas uma vontade de exercer o poder'

Vizcarra reuniu seus ministros para pronunciamento na noite de segunda-feira (9)
Vizcarra reuniu seus ministros para pronunciamento na noite de segunda-feira (9) -
O presidente peruano destituído, Martín Vizcarra, declarou na noite da segunda-feira (9) que deixa o poder "de cabeça erguida" e descartou entrar com ações legais para recorrer da decisão do Congresso de destituí-lo por "incapacidade moral".
Vizcarra foi destituído no segundo julgamento político em menos de dois meses, após denuncias de que ele aceitou subornos quando era governador, em 2014. A moção para remover o popular presidente peruano foi aprovada por 105 votos a 19 e quatro abstenções, superando os 87 votos necessários, após uma sessão plenária de quase oito horas. O presidente do Congresso, Manuel Merino, assumirá a presidência do Peru até o fim do mandato atual, que termina em 28 de julho de 2021.
Em uma espécie de "remake" de um julgamento do qual saiu vitorioso em 18 de setembro, Vizcarra agora teve um destino similar ao de seu antecessor, Pedro Pablo Kuczysnki (2016-2018), que não pôde completar o mandato, tendo sido forçado a renunciar por pressão do Parlamento.
"Deixo o palácio de governo como entrei, há dois anos e oito meses: de cabeça erguida", declarou Vizcarra, rodeado por seus ministros, no pátio da casa de governo, anunciando que seguirá imediatamente para sua residência particular.
“Diretamente e como Martín Vizcarra, não entrarei com nenhuma ação legal para resistir à destituição. Não quero que, de forma alguma, possa ser entendido que meu espírito de serviço ao povo tenha sido apenas uma vontade de exercer o poder", assinalou, afirmando que irá provar a "falsidade" das acusações contra ele durante as investigações que devem ser realizadas pela promotoria.
O presidente é acusado de ter recebido propina por contratos de obras públicas em 2014, quando era governador da região sulista de Moquegua. No processo anterior, foi acusado de pressionar duas funcionárias do palácio de governo a mentir sobre um questionado contrato com um cantor.
"Parto com a consciência tranquila e o dever cumprido", afirmou Vizcara, que gozou de níveis recorde de popularidade em seus 32 meses de governo, o que se refletiu em passeatas e panelaços em seu apoio na capital e em outras cidades após a sua destituição.