Mais Lidas

Família denuncia que estudante teve prisão forjada no Complexo do Alemão

Weslley Rodrigues, 21 anos, estava na loja em que o amigo trabalha para se refugiar de um tiroteio quando foi preso, suspeito de ser o dono de um radiocomunicador

Weslley Rodrigues Jacob, 21 anos, trabalhava como assistente em um trailer de reparo a aparelhos eletrônicos e cursava o 3º ano do Ensino Médio quando foi preso
Weslley Rodrigues Jacob, 21 anos, trabalhava como assistente em um trailer de reparo a aparelhos eletrônicos e cursava o 3º ano do Ensino Médio quando foi preso -
A família e o empregador de um estudante denunciam que Weslley Rodrigues, 21 anos, foi preso injustamente na terça-feira da semana passada, 30/7, na região da Grota, no Complexo do Alemão, Zona Norte do Rio. O estudante estava na loja em que o amigo trabalha para se refugiar de um tiroteio, quando foi preso.
Segundo o adolescente, que testemunhou a ação, os agentes entraram no estabelecimento e atribuíram um radiotransmissor ao rapaz. Weslley foi preso em flagrante e a Justiça converteu a prisão em preventiva no dia 1 de agosto. 
O empregador de Weslley, Manoel da Silva, 38, conta que o rapaz trabalhava para ele como assistente, atendendo aos clientes, em um trailer de manutenção e reparos de aparelhos telefônicos na região conhecida como Grota.
"Eu estava dentro da oficina, que fica perto do trailer, quando começou o tiroteio. Ele (Weslley) tinha acabado de passar lá, botamos música, como costumamos fazer. Quando ele saiu, escutei tiros e fiquei refugiado na oficina. Ele tinha acabado de sair e entrou numa loja de um colega, de artigos eletrônicos", diz Manoel.
O amigo do Weslley conta que estava sozinho com Wellington no estabelecimento em que trabalha durante a ação que prendeu o estudante. "Houve o tiroteio e os policiais estavam à procura de criminosos. O Weslley estava indo para a escola e eu falei pra ele esperar. Falei: 'cara, espera pra você não sair correndo e tomar um tiro", lembra.
Segundo o jovem, os policiais passaram na porta da loja e ao avistarem os dois, entraram. Os agentes, segundo o adolescente, que tem a identidade preservada, diz que os policiais começaram a perguntar o que os dois estavam fazendo ali.
O adolescente disse que trabalhava no local. "Ele disse que não trabalhava. Pediram as nossas identidades. Mas, o Weslley estava sem. Então, ele deu o nome todo dele e da mãe. Estavam pesquisando se ele tinha antecedente, quando veio outro policial e disse que tinha achado um radiotransmissor no lixo", diz. 
Um dos policiais, segundo a testemunha, acusou Weslley de ser o dono do rádio. Eles teriam apertado o botão do aparelho e ordenado, com ameaças, que o jovem dissesse "passa a visão", no rádio, para se comunicar com traficantes.
Neste momento, o estudante se negou a 'passar o rádio', dizendo que não tinha envolvimento com o crime. Um dos agentes, então, teria dado um tapa no rosto do Weslley, que caiu e derrubou a mercadoria da loja. "Weslley começou a chorar e disseram que o 'radinho' era dele", lembra o amigo.  
O empregador de Weslley, Manoel da Silva, conta que o rapaz trabalhava para ele de segunda a sábado entre 9h30 e 18h. Ele diz que o rapaz estudava na parte da noite. A mãe de Weslley informou que ele está matriculado no terceiro ano do Ensino Médio do Colégio Estadual Olga Benario Prestes, em Bonsucesso.
"Muitas vezes eu trabalho até 22h, 23h da noite na oficina. Muitas vezes ele chegava da escola e vinha ficar com a gente. Ele gostava", diz Manoel da Silva. 
Manoel conhece Weslley, a quem chama pelo apelido de Lelly, desde criança e o convidou para ser seu assistente há três meses. "Eu coloquei ele aqui pelo fato de confiar nele, como eu conheço, sabia que não teria problema", diz. 
A mãe de Wesley diz que procura a Defensoria Pública do Estado do Rio na tarde desta segunda-feira para ajudar a família no caso.
Procurada sobre a denúncia, a Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar disse apenas que na noite de terça-feira (30/7), equipes da Unidade Polícia Pacificadora (UPP) Alemão realizavam policiamento pela Rua Joaquim de Queiroz quando criminosos atiraram contra os policiais. Houve confronto e os marginais fugiram. Em ação contínua de varredura, os policiais encontraram um suspeito com um rádio comunicador. O mesmo foi conduzido à 21ª DP (Bonsucesso) para apreciação da autoridade policial.
A Polícia Civil ainda não retornou à reportagem sobre o caso.