De Gabigol a Juliette: como o tráfico abusa da criatividade para vender drogas

As imagens de Gabigol e Juliette em embalagens crack e maconha, respectivamente, ganharam destaque nacional nos últimos meses, mas a prática não é novidade para policiais. Escudos de clube, BBBs, jogadores de futebol, marcas e muito mais estampam há décadas entorpecentes em todo o país, seja por atestado de procedência ou pura estratégia de marketing. 

No comando da Delegacia de Combate às Drogas (Dcod) do Rio desde março, o delegado Marcus Vinicius Amim se acostumou com as embalagens criativas dos criminosos antes mesmo de assumir a Dcod. Quando era titular da Desarme, especializada em armas e munições, chegou a apreender drogas com estampa de marca luxuosa.

"Tanto time quanto jogadores, celebridades ou sub-celebridades e marcas famosas têm sido utilizados como uma espécie de marketing pelo narcotráfico há décadas. E não se trata de uma prática exclusiva do tráfico de Rio de Janeiro", explica Marcus.

Mais do que apenas chamar atenção dos usuários, as embalagens servem muitas vezes para indicar a procedência de um grande fornecedor de drogas, de acordo com o delegado. Na maioria dos casos, porém, elas são usadas só para chamar atenção. Estampas de times de futebol são as mais comuns.

"Quando se trata de grandes fornecedores, esses rótulos servem para atestar a procedência. No caso do varejo, é uma estratégia pueril de marketing" , conta Amim.

Direitos do consumidor

Para os traficantes, o cuidado com a reputação também é importante na hora de vender os entorpecentes. Além dos desenhos ou fotos na embalagem, um recado já até tradicional em muitas comunidades do Rio de Janeiro: " qualquer violação, reclame na boca".