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Droga de playboy: traficantes vendem skunk pela internet

Para combater essa modalidade de tráfico, a Polícia Civil tem focado em ações para estourar laboratórios de cultivo do entorpecente

Policiais da DRE estouraram estufas de skunk e apreenderam pés da droga e materiais para o cultivo da mesma
Policiais da DRE estouraram estufas de skunk e apreenderam pés da droga e materiais para o cultivo da mesma -
Nas redes sociais surgem as propostas ilegais: uma imagem do skunk e seu preço. A droga, conhecida como 'super maconha', tem se popularizado entre a classe média do Rio de Janeiro, que costuma negociar a compra do produto em grupos abertos e recebê-lo por delivery. Essa sofisticação do tráfico de drogas chamou a atenção de policiais civis da Delegacia de Repressão à Entorpecentes (DRE). Os agentes têm intensificado as investigações sobre esse comércio ilegal, desde a venda do produto, que custa em média R$ 70 o grama, até o seu plantio.

No último dia 12, os policiais estouraram dois laboratórios da droga, na Zona Norte do Rio e na Baixada Fluminense. Placas de luz de led com baixa produção de calor e voltagens específicas para cultivos indoor e ar condicionado de alta potência, compunham as estufas de plantação do skunk. Foram apreendidos 163 vasos com pés de maconha, 11 caixas com várias mudas de plantas e garrafas com adubo líquido.

"O forte cheiro da plantação e o barulho de máquinas de ar condicionado chamaram a atenção logo no início da rua", descreveram os agentes. As estufas funcionavam em cômodos de imóveis residenciais em Nova Iguaçu e na Penha.

Nas casas também foram encontrados documentos e contas em nome de dois agentes de segurança pública. A DRE apura a possível participação de um tenente do Exército e de um sargento da Polícia Militar do Rio no esquema de cultivo e venda da droga.

Os investigadores apuraram que o skunk é produzido a partir do cruzamento de espécies de cannabis e que os traficantes buscam nessas mutações a maior concentração de THC possível para proporcionar maior efeito alucinógeno.

"Só a fêmea da cannabis produz flor, que é o que eles vendem. Cultivos especiais derivados das misturas de espécies da cannabis, com uma padronização dessas matrizes que conseguem uma maior concentração de THC, vão sendo reproduzidas. Desses cultivos há várias espécies, sendo a mais conhecida o skunk. O cheiro dela é mais forte, porque ela é vendida 'fresca' e não é prensada", explicou o delegado da DRE Rodrigo Coelho.

De acordo com Coelho, o skunk possui alto valor comercial e é vendido, principalmente, para a classe média, em bairros da Zona Sul e Zona Oeste do Rio.

"É uma droga que está cada vez mais comum na classe média carioca. O preço, no atacado, está em torno de R$ 30 mil, o quilo, podendo chegar a R$ 50 mil. No varejo chega a custar R$ 70 o grama", afirmou o delegado.

Entretanto, segundo a polícia, essas plantações de cannabis produzem outras drogas além de skunk. "Desses cultivos especiais que geram alta concentração de THC são feitas clonagens e aquela planta passa a ser reproduzida. Eles aproveitam quase tudo dessas plantas, desde o óleo que se extrai das flores até as flores em si. Conseguem fazer haxixe e outras variações de maconha e skunk, e vão classificando essas drogas com nomes comerciais, como ice, por exemplo", finalizou Coelho.

Negociação por mensagens e entrega por delivery

Em grupos abertos de aplicativos de mensagens, os traficantes da classe média oferecem livremente seus produtos ilegais. Durante três meses, a reportagem observou a oferta de skunk pelas redes sociais e apurou que para fechar o negócio criminoso, é preciso terminar a negociação numa conversa privada, que não foi realizada.

Na fonte aberta, os responsáveis pela venda postam fotos e vídeos do skunk e colocam o preço da droga. Para atrair novos usuários, os traficantes chegam a publicar o retorno que tiveram de pessoas que já compraram o entorpecente.

Segundo a polícia, nessa modalidade de varejo da droga, na maioria das vezes o criminoso vai até o usuário realizar a entrega. No dia 4 de novembro, os agentes da DRE prenderam um homem que era motorista de taxi, apontado como responsável pelo delivery de drogas de alto valor comercial. Ele foi capturado no Grajaú quando se deslocava para realizar entregas de skunk.

Em agosto, os policiais da especializada também prenderam um lutador de MMA, na Barra da Tijuca, que traficava skunk para compradores que faziam os pedidos da droga através de aplicativo de mensagens. Ele estava na Avenida do Pepê em posse de 800 gramas da droga, avaliada em R$ 8 mil.

Polícia Civil vem intensificando combate ao tráfico de skunk

As plantações de cultivo dessa droga tem sido cada vez mais comuns e a Polícia Civil intensificou o combate ao tráfico de skunk desde o início de 2021.

Em janeiro, um estudante de direito foi preso em flagrante por tráfico de drogas, após agentes da 24ª DP (Piedade) apreenderem mais de mil pés de skunk, em sítios localizados em Maricá. Segundo a distrital, a cada dois meses a colheita feita por ele rendia entre três e cinco quilos da droga, que era vendida por R$ 30 mil.

No mês seguinte, a equipe da DRE, que na época estava na Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos (Desarme), fechou uma plantação em escala industrial de skunk, num galpão em Bonsucesso, na Zona Norte.
Policiais da DRE estouraram estufas de skunk e apreenderam pés da droga e materiais para o cultivo da mesma Divulgação
Policiais da DRE estouraram estufas de skunk e apreenderam pés da droga e materiais para o cultivo da mesma Divulgação
Policiais da DRE estouraram estufas de skunk e apreenderam pés da droga e materiais para o cultivo da mesma Divulgação
Policiais da DRE estouraram estufas de skunk e apreenderam pés da droga e materiais para o cultivo da mesma Divulgação

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