Michel Gomes celebra sucesso em 'Nos Tempos do Imperador': 'É a realização de um sonho'

Michel Gomes já conquistou o público da novela "Nos Tempos do Imperador", ao encarar as aventuras do  corajoso e idealista Jorge/Samuel, um dos protagonistas da trama das 18h, da Globo, com muito talento e carisma. E toda essa responsabilidade é altamente proporcional a felicidade do ator, cria da Vila Vintém, comunidade da Zona Norte do Rio, que celebra o bom momento na carreira. 

"Eu amo o que faço, estou muito feliz em fazer essa novela e viver esse personagem. É a realização de um sonho que batalhei muito para conseguir, tento aproveitar cada segundo", diz o ator, de 32 anos, que celebra a oportunidade de levantar debates importantes para sociedade através das artes. Se tratando de um folhetim de época, temas como a escravidão e o racismo são abordados. "Não precisei olhar muito para trás, bastou olhar para o lado para ver diversas histórias parecidas com a dele até hoje. Minha inspiração foram os próprios brasileiros. Racismo é algo que nunca deveria ter existido. Fazer algumas cenas é pesado e doloroso. Quando estou em cena, estou contando minha história também", ressalto Michel. 

O ator ressalta a importância da discussão, já que a discriminação ainda faz presente, apesar de enxergar uma evolução na luta antirracista. "Estamos conquistando nossos objetivos, abrindo portas e construindo tijolo por tijolo, com muito esforço, mas ainda falta muito. Muitos se identificam com o personagem por ele ser um batalhador, por lutar simplesmente pela igualdade. São as pessoas que trabalham muito, ganham pouco, vivem sofrendo preconceito, mas ainda assim acreditam num futuro melhor", diz.

Nascido e criado na Vila Vintém, o ator teve seu primeiro contato com as artes bem novinho, aos 10 anos de idade, quando teve oi primeiro contato com o projeto social o TVV - Talentos da Vila Vintém. Dali em diante, sua paixão pelo teatro só cresceu. No currículo, ele ainda acumula trabalhos de peso como no filme "Cidade de Deus", na novela "Joia Rara" e na série "3%", da Netflix, só para citar alguns. Da comunidade, boas recordação.   

"Eu morei praticamente a vida inteira lá, 18 anos. Tirando a violência, que é comum em todas as favelas do Rio, tenho lembranças boas, de pessoas boas. Tive uma infância incrível, que não trocaria por nada, brinquei de tudo. Apesar das dificuldades, eu tive uma infância muito feliz, uma família maravilhosa, grandes amigos que tenho até hoje. Na verdade a favela é cercada de pessoas trabalhadoras, a grande maioria acorda cedo pra trabalhar e correr atrás do seu ganha pão. Eu faço parte dessa massa", destaca. 

Sobre a TVV, ele destaca a importância dos projetos sociais para o futuro da garotada. "Cheguei no TVV aos 10 anos e através dali comecei a sonhar. Fui como uma criança para brincar, conhecer, entender e acabei encontrando minha profissão de uma forma inesperada. Tenho muito amor e gratidão pelo TVV, foi onde minha vida mudou. São projetos que, acima de de qualquer coisa, ajudam a formar cidadãos. Hoje vemos muitos projetos em comunidades com diversos atores talentosos. Tem talento de todo lado na quebrada. Mas o cenário não muda de uma hora pra outra, só com muito trabalho, suor, muito investimento".