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'Troca-troca deu certo'

Eleições no Fluminense. Francisco Horta - 26/11/2016 - Laranjeiras
Eleições no Fluminense. Francisco Horta - 26/11/2016 - Laranjeiras -

Ao montar a 'Máquina Tricolor', bicampeã carioca em 1975-76, Francisco Horta teve uma ideia inusitada: por que não espalhar os craques pelos rivais, como numa pelada? Saiu da cabeça do então presidente do Fluminense a ideia do troca-troca, momento de ouro do futebol do Rio. Aos 84 anos, Horta pede o resgate da tradição, que virou até música de Jorge Ben. "Troca-troca, troca-troca, quero ver trocar..."

O CHARME

"Gente de todo o país torce para os times do Rio de Janeiro. Há rubro-negros no Nordeste, tricolores na Amazônia. Isso mostra a importância da competição, que precisa ser aperfeiçoada, sim, mas jamais extinta. O Campeonato Carioca não deve, e nem irá acabar. Ele representa a alma de todo o Rio de Janeiro"

OS INGRESSOS

"Acho que o principal problema da falta de atratividade do Campeonato Carioca é o preço dos ingressos. É necessário, e mais, é urgente que os jogos voltem a ter preços populares. Quem carrega o futebol é o povão, e o povão não está inserido nessa lógica de valor (em arbitral, a Federação estipulou preço mínimo de R$ 40 para jogos dos clubes grandes)"

O FIM DA GERAL

"O fim da Geral do Maracanã foi o erro mais grave que se pôde cometer. É bem verdade que não foi culpa dos clubes, mas não deveriam ter feito aquilo. A festa do Maracanã era na Geral, o espírito do estádio estava ali. Ali ficavam os personagens. Os torcedores rivais se misturavam, em clima de descontração e paz"

A ALEGRIA

"O estádio é um lugar gosto para se estar, e o futebol brasileiro é uma questão de segurança nacional. Diminui até a violência. A família que vai para o Maracanã vai feliz. O filho toma um picolé, come um sanduíche, o pai toma uma cerveja, os casais se beijam na hora do gol. Quanto vale isso?"

A COMPETITIVIDADE

"Financeiramente, claro, outras competições são mais importantes. O Campeonato Brasileiro paga bem, a Libertadores também. A Copa do Brasil paga muitíssimo bem. Mas, título é título, e a graça do Campeonato Carioca está na gozação. Só times cariocas podem ganhar, a rivalidade é interna. Brincar com o familiar, o amigo, o companheiro de trabalho, o porteiro"

O ELENCO DO FLAMENGO

"O elenco do Flamengo é estrelado, mas o futebol é diferente. No vôlei, no basquete, o favorito sempre ganha. Mas, no futebol, quantas vezes já vimos o azarão vencer? A vitória só vem quando a bola rola. No Campeonato Carioca passado, o Flamengo era franco favorito porque já tinha o melhor elenco, mas foi o Botafogo quem terminou campeão, eliminando inclusive os rubro-negros"

OS OUTROS RIVAIS

"O Botafogo, o Vasco e o Fluminense têm elencos inferiores, sim, mas não ficam atrás. Os três estão se esforçando, e a garra pode fazer a diferença em um campeonato de tiro curto como esse."

O TROCA-TROCA

"O troca-troca foi uma ideia que movimentou e deu certo (no mais famoso, os rubro-negros Renato, Rodrigues Neto e Doval foram para o Fluminense, que cedeu Roberto, Toninho e Zé Roberto ao time da Gávea). Foi o momento de ouro do futebol carioca. Mas, só troquei craque por craque"

RETORNO DO TROCA-TROCA?

"Seria extraordinário (a volta do troca-troca). Mas, é preciso saber fazer. Deve se trocar jogador bom por jogador bom. Craque por craque, como foi feito lá atrás. Não adianta trocar por 'baba'. Isso estimula, inclusive, a ida do torcedor ao estádio. É novidade. Nós imaginamos troca-troca no dia a dia. Isso é um papo comum dos torcedores, pensar como seria o jogador 'fulano' no clube de 'beltrano'. É algo debatido nas esquinas, nas praças, botequins. Até nos cemitérios o cadáver discute o troca-troca"