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Elas jogam e entendem muito de futebol

Mulheres mostram talento com a bola no pé e repudiam declaração polêmica de Marcelo Crivella

Rio de Janeiro - RJ  - 30/05/2019 - meninas entendem de futebol - apos declraçao do prefeito Marcelo Crivella, dizendo que meninas nao entendem de futebol,  meninas da equipe de futebol dos Bancarios provam o contrario - na foto, Mariana Cristina da Silva Santos, faz jogada de efeito - Foto Reginaldo Pimenta / Agencia O Dia
Rio de Janeiro - RJ - 30/05/2019 - meninas entendem de futebol - apos declraçao do prefeito Marcelo Crivella, dizendo que meninas nao entendem de futebol, meninas da equipe de futebol dos Bancarios provam o contrario - na foto, Mariana Cristina da Silva Santos, faz jogada de efeito - Foto Reginaldo Pimenta / Agencia O Dia -
Elas entram em campo e não fazem vergonha não. Aliás, as meninas estão com tudo quando o assunto é futebol. Às vésperas da 8ª edição da Copa do Mundo de Futebol Feminino, que ocorre de 7 de junho a 7 de julho, na França, ainda há quem duvide do domínio de bola que elas têm.

Tanto que o prefeito Marcelo Crivella (PRB-RJ) chegou a dizer que elas não têm intimidade com o esporte:
"Vocês são meninas, não entendem nada, pelo menos na minha época não entendiam, mas os meninos a vida inteira brincaram", afirmou Crivella, na manhã desta quinta-feora, durante uma visita à obra de acesso da Ponte Rio-Niterói para a Linha Vermelha. Ele explicava que foi mal-entendido na brincadeira em que comparou a queda da ciclovia com o desempenho do Vasco.
A declaração deixou as moças #chateadas.

Enquanto as garotas batiam bola antes do treinamento no campinho de grama sintética castigada do projeto social Casas da Noruega, localizado em Bancários, na Ilha do Governador, a doméstica Norma Souza arrumava o meião para entrar em campo. Ao seu lado, a filha Raiane Dias dos Santos, de 13 anos, observava com atenção a mãe afirmar com firmeza. "A mulher entende de futebol, sim. E jogamos bem também. Se a gente gosta, tem que fazer mesmo tudo o que quiser e sentir vontade", reforçou Norma, pronta para não dar mole para ninguém na marcação.

Do lado de fora do campo, encostada nas grades enferrujadas e retorcidas pelo tempo, a também dona de casa Carla Roberta admirava os passes e dribles da filha Giovana, de 13 anos. "Muitas mulheres até jogam melhor do que os homens. Ensino isso ao meu filho mais novo, o Luiz Fernando, para que nunca duvide da habilidade das meninas", afirmou Carla.

O líder do programa Casas da Noruega no Brasil, Jair Ferreira, é um dos maiores incentivadores da garotada. "A nossa luta contra o preconceito por aqui é diária, não acaba nunca. O mais engraçado nisso tudo é que até de mulheres eu já escutei frases do tipo 'futebol é coisa de homem'. Está errado", disse Jair, que trabalha com cerca de 40 meninas no projeto. Procurada, a Prefeitura não se posicionou sobre a polêmica.