Adeus ao poeta guerreiro da paz

O corpo do músico Marcelo Yuka foi velado, ontem, na Sala Cecília Meirelles, na Lapa. Em cerimônia aberta ao público e fechada para a imprensa, parentes e amigos se despediram do fundador, ex-integrante e compositor da banda O Rappa. A cerimônia foi acompanhada por cerca de cem pessoas.

Yuka, pseudônimo de Marcelo Fontes do Nascimento Viana de Santa Ana, morreu aos 53 anos no fim da noite de sexta-feira em decorrência de complicações de um AVC que sofreu no início deste mês. O enterro será hoje, às 13h, no Cemitério de Campo Grande.

"Além de um gênio, meu filho era muito generoso. Apesar de tudo que aconteceu com ele, continuava dando exemplo. Só agradeço pela graça de ter tido um filho como ele", disse, muito abalada, a mãe Luísa Fontes.

O rapper Marcelo D2, o ex-deputado federal Chico Alencar (Psol), a atriz Letícia Sabattela e o delegado Orlando Zaccone estavam entre os fãs, parentes e amigos de Yuka.

"Lembro da gente em 1990 comendo um cachorro quente aqui na Lapa e pensando que nós podíamos mudar alguma coisa na cidade. Isso antes de Planet Hemp, do O Rappa. Para mim, ele é uma prova viva na carne de que podemos viver pela paz e espalhar o amor", lembra o rapper.

Amigo de Yuka, o delegado Zaccone lembrou a atitude de Yuka após os tiros que o deixaram em uma cadeira de rodas, em novembro de 2000 (ficou paraplégico ao tentar impedir um assalto). "Ele não guardou nenhum rancor e tentou ficar de cabeça erguida. Manteve um trabalho social forte junto à população carcerária", disse o delegado.

Marcelo Yuka estava internado desde dezembro o fim do ano no Hospital Quinta D'Or, em São Cristóvão, para tratar de uma infecção.