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Seu Jorge, cria do Gogó da Ema

Com dois discos prontos, filme de ação sobre guerrilheiro e série na Netflix, o ator, cantor e compositor encontra no crochê o passatempo da pandemia

Seu Jorge
Seu Jorge -
Jorge Mário da Silva, falando assim ninguém deve conhecer, mas esse é o nome do Seu Jorge, cria do Gogó da Ema e autor de Burguesinha, Mina do Condomínio e São Gonça. As músicas obrigatórias em todo churrasco de domingo se juntaram recentemente a parceria com o DJ Papatinho e o rapper Black Alien na gravação de Final de Semana, que está entre as mais tocadas da rádio FM O Dia. Na conversa com o MEIA HORA diretamente de Los Angeles, ele compartilhou detalhes sobre os novos projetos, que incluem ainda um show inédito com Alexandre Pires.

Você é um dos principais divulgadores do Brasil pelo mundo. Como tem sido ser essa voz do Brasil no contexto da pandemia?

"Tenho a mesma percepção que todo mundo tem, é sabido que a situação brasileira é bastante difícil. As coisas ainda não estão no lugar, há uma preocupação, um desejo que as pessoas tenham suas vidas protegidas. Que a gente proteja o profissional de saúde, que é que está buscando salvar vidas. Eles têm todo meu respeito e de todo mundo. É uma tristeza estar vivendo isso não só no Brasil, mas no mundo inteiro. Eu me lembro que no início do surto da pandemia na Itália as pessoas foram pras varandas tocar violino, artistas se apresentando da sacada para diminuir o desconforto do momento que estamos vivendo. Eu vejo que este momento descortinou essa alternativa de fazer algo em prol da alegria, pra que a gente suporte esse momento."

Você completou 50 anos em plena pandemia, com duas filhas, e ainda consegue conciliar com o crochê e outros hábitos. Como a pandemia ajudá-lo a conhecer outros Jorges?

"Os hábitos do artesanato eu tenho desde garoto, tia minha me ensinou e em 2018 eu voltei a fazer tricô, crochê, como passatempo e na pandemia tive espaço para fazer também. Antes da pandemia estava fazendo um tributo ao David Bowie rodando o mundo, com a pandemia tive mais tempo. Fiz lives com o Edi Rock, com a Elza Soares, com o Alexandre Pires. Essa com ele as pessoas assistem todo fim de semana, eu vejo pelas marcações nas redes. A live tem quase quatro horas de duração e eu não lembro de ter tido isso antes, parecia que estava todo mundo naquele rancho. A live foi em maio e não se entendia tanto a linguagem como teve o ano todo."

Você pode falar um pouco sobre os seus novos projetos?

"The Other Side é um álbum que foi surgindo ao longo dos anos quando eu decidi em 2009 gravar um trabalho mais instrumental, e que poderia levar mais tempo. O próprio disse quando ele ia acabar, e não eu ia impor. Um álbum mais de intérprete com compositores que eu gosto, e uma autoral minha com a Marisa [Monte] e o Arnaldo [Antunes]. Esse álbum foi uma busca de sonoridades encontrando pessoas. Já em 2018 eu resolvi fazer o Baile Ala Baiana, com compositores amigos da Bahia, entre eles o Magary Lord, o Peu Meurray e o Leonardo Reis. Tem o Ivan Sacerdote também, queria fazer alguma coisa com eles, conhecia muitas das músicas e trouxe um pouco da alma do Tim Maia, do Jorge Ben me deixei levar entusiasmado, subindo um pouco até o carimbó do Pará. É um disco divertido, pra você dançar."

Essa busca por sonoridades da Bahia também possui influência de nomes como Os Tincoãs e Letieres Leite, que estão muito presentes na construção dessa identidade?

"Acho que sim, porque a presença do Letieres está em todos os lugares, meio que encanta. A Orquestra Rumpilezz, da qual o Letieres é maestro, une toda essa gente, ele transita e chama todo mundo pra estar junto."

Quando criamos essas sonoridades, de certo modo estamos buscando nos conectar com a gente mesmo né?
"A música provoca uma beleza, causa sensações e aquela ideia vai longe. Pela beleza do som, a minha filha recentemente me fez redescobrir durante uma viagem de carro o disco do Milton Clube da Esquina 2, e eu estou apaixonado novamente por esse disco, como se ele tivesse saído ontem. Eu continuo caindo de joelhos apaixonado por discos que eu já descobri e continuo descobrindo. Tenho a honra de dizer que nasci no mesmo país que eles. Eu sei que tenho o melhor emprego do mundo".

Como você faz para manter a sanidade?

"Existe uma rotina de viver, exatamente agora que teve esse grau acentuado de casos e de tristeza, ansiedade, e acordar e não ser pego de surpresa com a doença já passou a ser para mim algo importante. Melhoro o que puder para a vida não ficar bloqueada. A minha profissão me permite viver com algum cuidado, com uma estrutura onde estou cercado da minha família, a minha mãe ter tomado a primeira dose também dá uma aliviada no mental. É um momento de muita tensão, não dá pra relaxar, até ir na academia pode contaminar a gente, tivemos que criar alternativas que não as convencionais."

Você pode comentar um pouco sobre a sua expectativa com o lançamento desses filmes que você participou (Marighella, Medida Provisória e Pixinguinha)?

"É um privilégio viver essas histórias. Gosto muito do Pixinguinha, no caso do Marighella eu não conhecia a história dele e é um filme muito bem dirigido pelo Wagner [Moura], são personagens completamente distintos. A Medida Provisória a gente terminou durante a pandemia, e a recepção tem sido muito positiva nos festivais, o Lázaro me contou que estão falando muito bem do filme. Eu já vinha desde 2016 rodando muito audiovisual e de lá pra cá não parei de gravar, de fazer shows. Eu só fui parado pela pandemia, que não foi exatamente uma parada porque eu fiz um monte de lives."
Por Jefferson Barbosa, integrante do PerifaConnection
Seu Jorge reprodução do instagram
Seu Jorge compartilhou foto nas redes sociais REPRODUÇÃO DO INSTAGRAM / FABIO NUNES / DIVULGAÇÃO
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Seu Jorge compartilhou foto nas redes sociais REPRODUÇÃO DO INSTAGRAM / FABIO NUNES / DIVULGAÇÃO

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