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Coletivo de jovens negros da Zona Oeste lançam livro com 60 poesias

O movimento que nasceu em 2016, a partir de um grupo com universitários negros teve como objetivo inicial denunciar a falta de autoras e autores negros na grade curricular das licenciaturas

 Poesia preta como ferramenta de educação
Poesia preta como ferramenta de educação -
Waldir Onofre foi ator e cineasta negro - morador de Campo Grande - que faleceu em
2015 sem reconhecimento. Ganhador do prêmio Kikito no Festival de Gramado pelo filme
“As aventuras amorosas de um padeiro”, que teve cenas gravadas na Zona Oeste do Rio
colocando o subúrbio carioca no cinema nacional e internacional. Por isto, o Coletivo
Negro Waldir Onofre quis homenageá-lo, para impactar e marcar o território pelo
próprio nome.
O movimento que nasceu em 2016, a partir de um grupo com universitários negros(as)
teve como objetivo inicial denunciar a falta de autores e autoras negros(as) na grade
curricular das licenciaturas. Mesmo com a Lei 10.639 de 2003, que estabelece a
obrigatoriedade nas redes de ensino a temática da História e Cultura Afro-brasileira -
uma conquista proporcionada pela luta dos movimentos negros – a ancestralidade
africana e indígena ainda não são abordadas de forma ampla no ambiente escolar.
Segundo o IBGE (2019), com o avanço das políticas públicas, os indicadores
educacionais da população preta e parda entre 2016 e 2018 apresentou melhora, porém,
a desvantagem em relação aos brancos ainda é evidente. Os índices sobre abandono
escolar em relação os negros e negras são gritantes no ensino médio. Na pesquisa feita
no dossiê “Desigualdades por cor e raça no Brasil”, do IBGE, a taxa de conclusão do ensino
médio é de apenas 61,8% para negros(as). Além dos problemas sociais, os alunos não se
sentem representados no ambiente escolar. Mas como fazer com que estes jovens
tenham interesse no colégio?
A partir deste dados, pensando numa educação antirracista e periférica, o Coletivo
Negro Waldir Onofre confeccionou um livro com 60 poesias feitas por poetas negros
(as) da Zona Oeste da cidade. Deste livro, foram feitos 250 exemplares físicos para
serem distribuídos entre escolas públicas e instituições de tenham como eixo a
educação. O material também pode ser baixado de forma gratuita nas redes sociais do
coletivo (@cnwaldironofre), assim como pode ser ouvido nas vozes dos próprios poetas no Spotify.

“O livro alcança sua representatividade quando une três segmentos num corpo só: educação, território e literatura. Isso é o que falta na educação básica”, afirma Thiago Mathias um dos organizadores do livro.

Ingrid Nascimento, historiadora, cientista social e colaboradora do PerifaConnection

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