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Produtores e DJs das principais festas do Brasil falam do impacto do coronavírus no mercado de eventos

Com diversas festas canceladas durante a crise do COVID-19, profissionais temem os efeitos do novo vírus na economia e afirmam que os prejuízos são incalculáveis

Produtores e DJs das principais festas do Brasil falam do impacto do novo Coronavírus no mercado de eventos
Produtores e DJs das principais festas do Brasil falam do impacto do novo Coronavírus no mercado de eventos -
É indiscutível que a descoberta do novo coronavírus abalou as estruturas de toda a economia global. O setor do entretenimento foi diretamente afetado, a começar pelas festas, o que tem preocupado muitos DJs e produtores culturais e musicais.

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Produtores e DJs das principais festas do Brasil falam do impacto do novo Coronavírus no mercado de eventos Divulgação
Leo Carbone Divulgação
Guilherme Acrízio Divulgação
Luciano Vianna Divulgação
Como exemplos, Guilherme Acrízio e Luciano Vianna. Guilherme é produtor da festa "Treta", que hoje possui edições regulares em mais de 20 cidades, incluindo as internacionais, como em Nova York e Lisboa. Nas edições semanais, a "Treta" recebe em média 400 pessoas, e nas especiais, já chegou a um público de até 20 mil.
Já Luciano é criador e DJ residente da Festa Ploc, maior evento de música pop retro do país, com cerca de 10 festas por mês na cidade do Rio e eventos em todas as capitais. No momento que se passa no mundo todo, estes números representam um problema: aglomeração e risco.

“Vivemos um momento sem precedentes. Algo nunca visto. Minha rotina é não estar em casa. Estamos nos adaptando pelo bem comum. Perdas incalculáveis. Relações de trabalho sendo realinhasse. Que possamos vencer isso juntos. E o meu pedido é: fiquem em casa e cuidem dos seus”, destaca Leo Carbone, da festa Yolo e produtor cultural especializado em grandes eventos como Carnaval do festivais de música.

Tanto para, Leo, Guilherme quanto para Luciano, o impacto econômico do novo Coronavírus atinge 100% no mercado de entretenimento, e o prejuízo acompanha a mesma porcentagem, não somente pelo cancelamento das festas em si.
"De maneira geral, o impacto começa pois dependemos em primeiro lugar de um público que busca diversão e para isso, precisa ter dinheiro, estar trabalhando e rendendo para poder gastar", conta Acrizio.
Mas os três afirmam também que independente desta questão, as festas seriam canceladas em virtude de que a saúde e bem-estar do público e equipe estão em primeiro lugar.

Seguindo a ramificação da crise, o problema passa então para os colaboradores. De acordo com Guilherme, "só entre os fixos, temos mais de 20 DJs, 4 fotógrafos, mais de 15 promoters. Cada lugar tem sua equipe montada, o que torna o número ainda maior", já Luciano ressalta que o número de desempregados será contado em centenas: "são equipes inteiras, começando por nós, produtores, até os seguranças, bilheteria, faxineiros e entre outros, centenas de desempregados".
Somando ao cálculo as pessoas que dependem destes mesmos colaboradores, o prejuízo torna-se incalculável, fazendo da crise econômica quase um segundo vírus.

Prejuízo sem escalas
O carioca já recebe a fama de ser um povo festeiro e por causa disso, de acordo com Luciano, a cidade do Rio de Janeiro será a mais afetada do Brasil pela crise do COVID-19, causadora do isolamento social, em quesito entretenimento.
"O Rio tem um terceiro setor (relativo a investimentos privados no desenvolvimento cultural) muito atuante. A cidade será a mais prejudicada do país, sem dúvidas", afirma.

Mas pela primeira vez neste século, o problema está em escala global. Para Guilherme, o impacto tornou-se ainda maior por não limitar somente a festa no Brasil.
"Se as edições de Nova York e até a de Lisboa pudessem continuar, ainda assim seriam tempos difíceis, mas seria fácil de lidar. Mas lá fora as coisas estão ainda piores, não tem para onde correr".

Estratégia e futuro
Para Luciano, as estimativas para este ano não são positivas e o produtor diz que não vê uma solução prática a curto e médio prazo partindo da iniciativa privada, "infelizmente não vejo uma saída que não passe por uma grande ajuda financeira do governo".
Além disso, faz uma drástica previsão ao ano: "2020 está perdido. Será um ano para enterrar mortos e contabilizar prejuízos. As poucas empresas de produção que sobreviverem verão a situação tornar a melhorar no próximo ano".

O entretenimento é sempre um segmento voltívolo. Novidades surgem a todo o momento e cair no esquecimento não está nos planos dos produtores da Treta Festa. Com 75 mil seguidores no Instagram e cerca de 50 mil no Facebook, a marca Treta está entre os perfis de festa mais seguidos do país, e é aí que mora a estratégia de Guilherme.
"As redes sociais se mantém, pois vão além de conteúdo de festa, mas trabalhamos com informativo e entretenimento de modo geral, o que mantém o público ativo, apesar de não pagar as contas. Minha alternativa nesse momento é justamente usar as plataformas de comunicação. Somos a única marca de festas do Brasil que ainda está com as redes sociais ativas e com vários tipos de conteúdo", revela sobre como pretende manter a interação com o público